terça-feira, 10 de setembro de 2013

O meu Dia D, por Ricardo Noblat

Depois de 10 dias internado, e submetido a uma dieta intensa de exames, daqui a pouco me encaminharão para um dos centros cirúrgicos do Hospital Sírio-Libanês, em São Paulo.

Se tudo correr como planejado, dali sairei oito horas depois carregando no coração quatro pontes: duas safenas e duas mamárias. Fora o stent, que já carrego.

Elas servirão para que o sangue volte a fluir livre de obstáculos – placas de gordura que dificultavam sua passagem por algumas artérias. A principal tem uma obstrução de 70%.

Dia D - o desembarque dos aliados na Normandia durante a 2ª Guerra Mundial

Do centro cirúrgico, ainda sob o efeito de anestesia, irei parar em uma Unidade de Terapia Intensiva (UTI). Devo acordar no meio da madrugada de amanhã. Ficarei na UTI de dois a três dias.

A dor não faz parte da lista das dez queixas mais comuns formuladas por quem sofre uma cirurgia dessa natureza.

O modelo do aparelho de televisão da UTI faz parte da lista, sim. Bem como o tipo de iluminação do ambiente. Ou a temperatura, um pouco baixa.

Foi o que me disse Fábio Jatene, o senhor absoluto do meu coração pelas próximas horas em parceria com o médico Roberto Kalil.

O risco de morte gira em torno de dois a três por cento em diversos hospitais de grande porte. Kalil garante que no Sírio não chega a 1%.

Endereço seguinte: o apartamento 322, uma espécie de semi-UTI. Intensificarei os exercícios iniciados ainda na UTI – inclusive caminhadas curtas e sopro de bolinhas.

Passarão mais quatro ou cinco dias. Estando bem, ganharei alta desde que fique em São Paulo por mais oito ou 10 dias plantado nas vizinhanças do Sírio.

O retorno à vida normal será lento. E sujeito, a princípio, a uma série de restrições.

Rendição completa aos caprichos da nutricionista. Que quer me ver uma vez por mês pelos próximos seis meses.

Feijoada? Três por ano e olhe lá...

(A propósito: por acaso, disciplina ou simplesmente medo, perdi quatro quilos em uma semana. Desconfio que foi por medo. Não acho que vou morrer. Não acho mesmo. Quanto à dor...)

Uma a duas horas de exercícios cinco vezes por semana. E para sempre.

Dormir mais cedo, acordar mais cedo.

Ser feliz.

O jornalismo resistirá a uma receita que guarda tão pouca ou nenhuma afinidade com ele?

Desejo que sim.

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Notícias: A cirurgia foi um sucesso. Foram colocadas três pontes, duas de safena e uma mamária. Noblat está sedado, mas está muito bem. Está na UTI e amanhã de manhã teremos mais notícias.

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