quinta-feira, 25 de junho de 2015

Discussões sobre relações raciais ajudam a definir campanha de Clinton


A democrata Hillary Clinton discursa em comício do lançamento oficial de sua campanha à presidência dos Estados Unidos, em Roosevelt Island, em Nova York, em 13 de junho

Em um dos discursos mais marcantes de sua campanha presidencial de 2008, Barack Obama falou sobre sua candidatura ser uma evidência de que o país podia transcender suas raízes racialmente divisoras.
"Eu nunca fui tão ingênuo a ponto de acreditar que poderíamos superar nossas divisões raciais em um único ciclo eleitoral, ou com uma candidatura individual", disse Obama no Centro Nacional da Constituição, na Filadélfia. Mas ele disse acreditar que "trabalhando juntos, nós podemos superar algumas de nossas velhas feridas raciais, e que não temos escolha se quisermos continuar no caminho de uma união mais perfeita".

Enquanto Obama falava, sua adversária na disputa pela indicação democrata, Hillary Rodham Clinton, se dirigia a uma plateia quase totalmente branca em um local próximo na Filadélfia. "Raça e gênero são questões difíceis", ela disse aos repórteres ao ser perguntada sobre o discurso de Obama. "Portanto, precisamos discutir mais a respeito."

Sete anos depois, em uma reviravolta política e dos eventos atuais, Clinton se transformou na candidata presidencial à frente dessas discussões. E a forma como as questões raciais moldaram seu início de campanha despontou como a diferença mais notável entre sua campanha de 2016 e a tentativa fracassada de 2008.

Em 2008, enquanto ela tentava desconfortavelmente competir contra o homem que viria a se tornar o primeiro presidente negro, Clinton parecia relutante em tornar a raça uma questão central. E seu marido, o ex-presidente Bill Clinton, enfureceu muitos líderes afro-americanos com comentários improvisados que pareciam diminuir a estatura de Obama, inclusive chamando sua posição antiguerra de "o maior conto de fadas que já vi".

Agora, Hillary Clinton está fazendo discursos passionais e arrebatadores sobre raça, um dos assuntos que despertaram seu interesse pela política nos anos 60 e 70.

Na terça-feira (23), ela realizará uma reunião comunitária em uma igreja negra em Florissant, Missouri, perto de Ferguson, onde confrontos entre manifestantes negros e policiais ocorreram no ano passado, depois que um adolescente afro-americano desarmado foi morto por um policial branco. No encontro, ela planeja discutir o massacre de nove pessoas na semana passada em uma igreja negra em Charleston, Carolina do Sul, e "questões mais amplas em torno do fortalecimento das comunidades", disse sua campanha.

Em sua conta no Twitter na segunda-feira (22), Clinton reafirmou sua crença de que a Carolina do Sul deve parar de hastear a bandeira Confederada em sua Assembleia Legislativa.

Em abril, enquanto Baltimore era tomada por protestos em torno da morte de um homem negro, que morreu devido a lesões sofridas enquanto estava sob custódia policial, Clinton pediu por uma reforma da Justiça criminal e disse que era "hora de honestidade sobre raça e justiça na América".

Em Houston neste mês, falando para uma plateia quase totalmente negra na Universidade do Sul do Texas, antes conhecida como Houston Colored Junior College, Clinton evocou o legado de Barbara Jordan, uma ex-aluna que serviu na Câmara dos Deputados nos anos 70, e fez um apelo passional pela facilitação dos voto para os pobres e afro-americanos afetados pelas novas leis eleitorais do Estado.

E no sábado (20), enquanto candidatos presidenciais republicanos calibravam suas respostas à exibição da bandeira confederada pela Carolina do Sul, Clinton declarou que "a longa luta com a questão racial na América está longe de concluída", apesar da "eleição de nosso primeiro presidente negro".
 
 
Fonte: UOL

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