sábado, 7 de novembro de 2009

Racismo, aqui não! - Makota Valdina

Valdina Oliveira Pinto, nasceu em 15 de outubro de 1943 ,desde a juventude, esteve envolvida com ações sociais na sua comunidade, acompanhando seu pai, Paulo de Oliveira Pinto – Mestre Paulo – ou sua mãe, Eneclides de Oliveira Pinto, mais conhecida como D. Neca, que foi líder comunitária e primeira referência política da filha. Diversas são as instituições que a tem como conselheira, ou ‘madrinha’, como é o caso da Associação de Preservação e Defesa do Patrimônio Bantu (ACBANTU). Noutros casos, é o próprio nome que empresta à causa da luta contra o racismo, como ao Grupo de Estudantes Universitários Makota Valdina.
Recebeu diversas condecorações por seu papel na preservação do patrimônio cultural afro-brasileiro, como o Troféu Clementina de Jesus, da União de Negros Pela Igualdade (UNEGRO). Troféu Ujaama, do Grupo Cultural Olodum, em Agosto/2004, recebeu a Medalha Maria Quitéria, a maior honraria da Câmara Municipal de Salvador, em dezembro de 2005 recebeu da Fundação Gregório de Mattos o Troféu de Mestra Popular do Saber.
Valdina Oliveira Pinto, a Makota Zimewaanga, a Makota Valdina é, atualmente, a conselheira ‘mor’ da Cidade de Salvador, convidada a avaliar e avalizar plataformas de governo, campanhas eleitorais e mandatos parlamentares, ou ONG’s e eventos em defesa das tradições de origem africana e do Meio Ambiente. É também Chamada a orientar grupos do Movimento Negro e a sistematizar propostas educacionais que dêem conta da diversidade cultural da cidade. Enfim, tornou-se presença quase obrigatória nos principais debates sobre os rumos da sociedade e, sobretudo, nos espaços reservados do sagrado, onde só têm acesso livre aquelas que se tornaram uma mais velha e trazem no corpo, no conhecimento e nos próprios sentimentos marcas ancestrais. "
Lande M. M. Onawale -Escritor, poeta e Taata Xicarangoma do Terreiro Tanuri Junsara"

Maria Preta - Que atividade exerce atualmente?
Makota Valdina - Atualmente me considero uma ativista negra do candomblé.


MP - Você acha que existe Racismo na Bahia e no Brasil?
MV - Infelizmente ainda há racismo no Brasil e na Bahia sim.

MP-Você já foi vitima de algum tipo de discriminação? O que mais te marcou?
MV - E qual o negro que nunca sofreu discriminação nesse país? Só que nem sempre é tão direto e se você não tiver consciência disso pode até nem perceber. O primeiro fato que me marcou, porque me lembro ainda hoje foi quando em criança, na Escola Euricles de Matos, a Inspetora visitando a minha classe e olhando os cadernos dos alunos ao ler uma composição que eu escrevera, acho que perguntou à professora quem era e quando a professora apontou pra mim, ouvi uma uma exclamação de espanto: _ é ela?! Na classe tinha alunos negros e brancos e a minha composição tinha sido a melhor da classe. Outra vez foi em 1974, em Brasília, a primeira vez que estive lá. Estava descendo no elevador social do prédio e uma mulher branca me perguntou se eu podia ser babá da filha dela pois ela se mudara havia pouco tempo pra lá acompanhando o marido num novo emprego e estava precisando de uma babá. Eu disse a ela que era professora e que só estava alí em viagem de férias. Ela ficou meio sem jeito e eu, olhando bem pra cara da infeliz.

MP - O que você acha da nossa campanha de reflexão social Racismo, Aqui Não?
MV - Acho ótimo porque enquanto a sociedade como um todo não der atenção para isso, não admitir que existe racismo e que deve acabar com o racismo, afro descendentes e indígena descendentes viverão sempre à margem.

MP- Na sua opinião o que precisa ser feito para mudar esse quadro?
MV- Ações para exterminar o racismo nas famílias, nas escolas, na política, nas instituições públicas e privadas

Obrigado Makota Valdina!

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