Há anos venho pensando em fazer uma serie de fotografias de pessoas negros, de ambos os sexos, que evitasse associar a imagem do negro `as raízes, à religiosidade, como tem sido feito excessivamente na Bahia. mAqui, quase sempre o negro é fotografado com estas referências o que me incomoda um pouco. Não nego as influências das minhas raizes nem os ancestrais que determinam quem sou e influenciam minha visão. Mas neste projeto, que pretendo continuar desenvolvendo, procuro ressaltar a forma e textura da pele, independente das raizes dos fotografados ou das minhas.
Ao saber que a exposição seria realizada no mesmo fim-de-semana do Festival da Boa Morte, decidir expor somente mulheres em homenagem `a irmandade. Seria um trabalho expondo formas e a pele, sem contudo serem nús nem apelar para erotismo. Apesar de minha intenção, algumas das fotos contem certa sensualidade, o que é quase inevitável se tratando de exibição de corpos fortes, expressivos e bonitos.
Desde o inicio , pensei que as fotografias seriam feitas em preto e branco, com fundo negro, com vestimentas pretas, que não distraíssem das formas e texturas, elementos sómente para cobrir os corpos. Não usaria a cores ; o branco,nas fotos, seria exclusiamente o da luz refletidas nas peles. Na sessão inicial, ao ver o tom lindo da pele acentuda pela luz, e os anéis de ouros usados peor uma das modelos, fiquei muito tentada em expor em cores, e passei a fotograr nas cores da irmandade: o vermelho, ouro e branco da luz na pele negra. A cor vermelha contra a pele escura é tão marcante e bonito que a tentação foi grande mas distrairia da forma e textura e do que havia concebido inicialmente. A cor passou a ficar só de cor na memória, a cor de cor.
No meu processo criativo, mentalmente, as imagens se formam bem antes de entrar no estúdio, mas quando focalizando as fotografadas, suas energias, personalidades e gestuais próprios , dirigiram meu olhar tomando rumos não traçados anteriormente. Assim, apesar de focalizar as peles, as fotografias expoem as diferenças das personalidades destas mulheres, com imagens de sutilizas e delicadeza de umas e com agressividade quase felina de outras. Fui feliz em fotografar mulheres muito especials. Foram 4 mulheres neste ensaio: uma delas já foi modelo profissional e as três mulheres muito altas, de 1.80 m de altura, presenças marcantes, despojadas, fortes e uma que era pura doçura e delicadeza. O projeto não incluia rostos mas coloquei dois rostos, por achar que estes contém muito da alma das fotografas e desta exposição.
Alba Vasconcelos
Fotografa
terça-feira, 17 de agosto de 2010
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