terça-feira, 17 de agosto de 2010

PELE , a cor de cor - Por Alba Vasconcelos

Há anos venho pensando em fazer uma serie de fotografias de pessoas negros, de ambos os sexos, que evitasse associar a imagem do negro `as raízes, à religiosidade, como tem sido feito excessivamente na Bahia. mAqui, quase sempre  o negro é fotografado com estas referências o que me incomoda um pouco.   Não nego as influências das minhas raizes nem  os ancestrais que determinam quem sou e influenciam minha visão.  Mas neste projeto, que  pretendo continuar  desenvolvendo, procuro ressaltar  a  forma e  textura da pele, independente das raizes dos fotografados ou das minhas. 
 Ao saber que a exposição seria realizada no mesmo fim-de-semana do Festival da Boa Morte, decidir expor somente mulheres em homenagem `a irmandade.  Seria um trabalho expondo formas e a pele, sem contudo serem nús nem apelar para erotismo.  Apesar de minha intenção,  algumas das fotos contem certa  sensualidade, o que é quase  inevitável se tratando de exibição de corpos fortes, expressivos e bonitos. 
Desde o inicio , pensei que as fotografias seriam feitas em preto e branco, com fundo negro, com vestimentas pretas,  que não distraíssem das formas e texturas,  elementos sómente para cobrir os corpos.  Não usaria a cores ; o branco,nas fotos, seria exclusiamente o da luz refletidas nas peles.  Na sessão inicial, ao ver o tom lindo da pele acentuda pela luz, e os anéis  de ouros usados peor uma das  modelos, fiquei muito tentada em expor em cores, e passei a fotograr nas cores da irmandade: o vermelho, ouro e branco da luz na pele negra.  A cor vermelha contra a pele escura é tão marcante e  bonito que a tentação foi grande mas distrairia da forma e textura e do que havia concebido inicialmente. A cor passou a ficar só de cor na memória,   a cor de cor.
 No meu processo criativo, mentalmente, as imagens se formam bem antes de entrar no estúdio, mas quando focalizando as  fotografadas, suas energias, personalidades e gestuais próprios , dirigiram meu olhar  tomando rumos não traçados anteriormente.  Assim, apesar de  focalizar as peles,  as fotografias expoem as diferenças das personalidades  destas mulheres, com imagens  de sutilizas e delicadeza de umas e com agressividade quase felina de outras.   Fui feliz em fotografar mulheres muito especials. Foram 4 mulheres neste ensaio: uma delas  já foi modelo profissional e as três mulheres  muito altas, de 1.80 m de altura, presenças  marcantes, despojadas, fortes e uma que era pura doçura e delicadeza.  O projeto não incluia rostos mas coloquei dois rostos, por achar que estes contém muito da alma das fotografas e desta exposição.
 
Alba Vasconcelos 
Fotografa

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