terça-feira, 14 de setembro de 2010

Vadinho França, Bloco Alvorada - Recebe 15 de Setembro, Medalha Zumbi dos Palmares na Camara de Vereadores.

Vadinho Prestigiando
a Quitanda do Saber da
amiga Alaíde do Feijão.

Nascido em 1956, na Rua Fonte do Gravatá, bairro de Nazaré, Vadinho França, presidente do Bloco Alvorada, possui uma história que se confunde com a trajetória do Bloco. O Alvorada foi criado a partir da militância e união de estudantes secundaristas do Colégio Severino Viera, em 1975. No início, a intenção era apenas manter, com muito samba, aquele pessoal reunido. Com o tempo, o grupo cresceu e se expandiu, da mesma forma que os objetivos do Bloco. “Criamos uma sede, definimos metas, angariamos parceiros, multiplicamos investimentos, capacitamos outras equipes e o mais importante: conquistamos associados e hoje, já somos cerca de três mil pessoas”, conta Vadinho.
Durante este tempo, manteve suas bases fincadas na luta de promoção da igualdade e no desenvolvimento social, focando suas atividades nos princípios da equidade racial. Desta forma, se manteve sempre próximo e atuante ao movimento negro e não é por razões diplomáticas, mas sim, por uma necessidade de reparação permanente e multifocal, mantendo firme sua posição política atuante e que prioriza o empoderamento e a criação de oportunidades.
Mas é no segmento de cultura que ele se destaca. Principalmente no samba. Sambista desde pequeno, ele diz ter isto no sangue e que puxou ao seu pai, Valdomiro França, diretor presidente do Bloco Vai levando. Seu pai conseguiu compartilhar com ele, as primeiras experiências carnavalescas. “Comecei assim. Fui diretor cata-garrafa do Vai Levando. Era a única forma de sair carnaval. Começava ao lado de meu pai e terminava no meio do povo. No ombro de algum dos quatro mil associados daquele Bloco”, relembra Vadinho, muito emocionado. De diretor Cata-garrafa virou passista mirim e de passista mirim, fundador de bandas e tocador de qualquer coisa que produzisse sonoridade rítmica para o samba.
No Colégio Estadual Severino Vieira afinou esta habilidade. Há quem diga que foi nesta época que conheceu os dois maiores amores da sua vida, presentes até hoje: Alaíde França - sua esposa, com quem tem três filhos e a marcação - instrumento percussivo de pele, tocado com uma baqueta, que é base sonora de qualquer samba. Paixões, estas, que sempre foram acompanhantes nas participações em atividades culturais e carnavalescas, a partir da década de 70. Principalmente no que diz respeito aos nascimentos das agremiações, entidades, blocos, com bases afrodescendentes, hoje, caracterizada no Carnaval Ouro Negro. Quanto ao carnaval, constam em seu currículo, as ocupações de Conselheiro Fiscal da Federação dos Clubes ou Blocos Carnavalescos da Bahia, Vice-Presidente da União de Blocos de Percussão da Bahia e presidência da União das Entidades de Samba da Bahia. “Gosto de festa, gosto de samba e gosto de carnaval” é a frase que melhor o define. Não resiste a marcação e quase sempre se inspira a tocar.
Seus amigos lhe definem como guerreiro. Talvez porque conseguem enxergar além e observar o Ogum que sempre lhe o acompanha, protege e guia. Este mesmo Ogum que não cansa de se apresentar e mostrar todos os dias “para que veio”; que ilumina o caminho; que abraça os outros como se fossem filhos; que prima pela vaidade; que resolve todas as coisas e que não mente. É! Segundo ele “Homem de Ogum não mente!”. E ele é um homem de Ogum, suspenso por Tempo e hoje, é Ogan do Terreiro do Bate-Folha Manso Banduquenqué, (Sociedade Beneficente Santa Bárbara do Bate Folha).
Agora, muito mais do que tudo isto, é um dos Zumbis de Salvador. Um Zumbi que carrega contigo uma legião de descendentes, organizada em vários Quilombos. E hoje, todos vibram e celebram com a entrega desta comenda ao descendente de Zumbi, Vadinho França.
Texto Camila França
Enviado por Camila França

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