quarta-feira, 24 de novembro de 2010

Um ministro para ficar


por Jorge Portugal, publicado no jornal A Tarde, em 23 de novembro de 2010



Sigamos a lógica: votamos maciçamente em Dilma Rousseff para que o projeto do presidente Lula não sofresse descontinuidade e, mais ainda, pudéssemos aprofundá-lo, avançando sempre. Crescer em média de 5% ao ano, dar saltos socioeconômicos jamais vistos antes, diminuir aomáximo as desigualdades históricas e acabar com a miséria. A presidente Dilma tem ótimos instrumentos nas mãos para fazê-lo e, como talento lhe sobra, fará e fará bonito.
Ocorre, porém, que não poderemos sustentar tanta coisa boa, na base material da sociedade, sem democratização efetiva de nossa cultura; sem que o Brasil se veja e se reconheça no grande espelho de sua identidade.
E isso também já começou a ser feito.
Ministro Juca Ferreira
A partir da gestão Gil-Juca Ferreira (seis anos de Gil e dois de Juca), a diversificada cara da cultura brasileira começou a mostrar-se por completo. Não apenas um núcleo irradiador e ditador de um cardápio de símbolos, mas as expressões e as vozes de uma diversidade explosiva e rica puderam gritar: “Eu também assino embaixo desse texto chamado Brasil!”.
Aí, vieram os Pontos de Cultura, o Vale Cultura, a renovação da Lei Rouanet, um cinema com muitos sotaques, a fibra ótica conectando os tambores, os sons e os tons do nosso povo.
Com Juca Ferreira, a utopia virou ministério.
Mas foi preciso audácia e coragem para o grande debate e os necessários enfrentamentos.
Encarar o preconceito, que muitas vezes beirou o desrespeito; o escárnio, o olhar pretensamente superior dos antigos proprietários do latifúndio cultural brasileiro. E, no entanto, a luta só começou.
Por isso, precisamos de mais Juca na cultura do Brasil. Construímos com ele todo esse belo caminho trilhado até aqui, e até nos apavoramos ao pensar que tudo isso pode cair em mãos de pouquíssimo talento; virar moeda de troca; mera fração de poder. Voltarmos ao tempo de um ministério-ornamento.
Esse é o sentimento da maior parte dos que são e fazema cultura brasileira. Assino-o individualmente, mas tenho certeza de que milhares de mãos pelo País o assinam comigo, agora.
Mãos que tocam, que pintam, que interpretam.
E que, principalmente, aplaudem!

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