quarta-feira, 15 de dezembro de 2010

João Silva, Olodum e a história por trás da marca que é símbolo da cultura brasileira

O Publicitário João Silva, da Maria Comunicação fala sobre a marca que conquistou os brasileiros, e é um dos maiores simbolos da cultura brasileira no planeta.

João Silva: Quando João Jorge falou comigo sobre a marca do Olodum, eu pedi a ele um tempo, pois eu estava pré-produzindo dois filmes. Estava gravando com Silvia Pfeiffer em São Paulo e no dia seguinte iria gravar com Cláudia Raia, no Rio. Fui para o hotel em São Paulo pra dormir um pouco, com a marca do Olodum na cabeça, só lembrando da batida do Olodum. Liguei a televisão e havia cenas de violência, se não me engano em Paris, onde estudantes estavam sendo espancados por policiais. Isso me marcou. 
No dia seguinte, quando acabei de gravar com Cláudia, voltei para o hotel e vi outro caso de violência, desta vez na Alemanha, também envolvendo estudantes. Essas duas cenas em países distintos e aquela batida do Olodum me marcando....

Depois ainda fui a Manaus, gravar o lançamento do Amazonas Shopping Center. Quando cheguei a Salvador, recebi a notícia que um membro do Olodum havia sido baleado por um policial no Pelourinho. O Olodum foi em peso pra frente da Secretaria de Segurança Pública, em Salvador, espalhou todos os tambores e os músicos ficaram agachados, com a cabeça baixa, em dia de tráfego normal... aquele mar de tambores.

Quando vi a foto e o protesto silencioso eu tive a certeza de que o Olodum precisava de um símbolo de paz. Na hora me veio na cabeça o símbolo de paz e amor do festival de Woodstock, nos anos 60. Pensei: Já que o Olodum tá indo pra uma excursão na Europa, e já era conhecido pela batida do tambor, nada melhor que levar um discurso de paz, porque é isso que o mundo precisa no momento.

Eu só fiz pegar o símbolo de paz e amor e redesenhá-lo, colocando as cores do movimento pan-africano, que são o amarelo, o verde, o vermelho e o preto.
Depois João Jorge me ligou pra dizer que onde o Olodum passava era a primeira página nos principais jornais, por conta da assimilação imediata de que as cores do movimento pan-africano estava sendo visto, na Europa, como uma proposta de paz. Quando o Olodum retornou ao Brasil, a marca estava consolidada.


 MICHAEL JACKSON

Quando Michael Jackson esteve aqui com Spike Lee para gravar o videoclipe com o Olodum, alguém, não sei se foi da Folha ou do Estadão, me perguntou se eu achava que Michael Jackson usara a camisa por conta da marca ou por conta do Olodum.

Confesso que até hoje eu fico sem saber, mas prefiro acreditar que foi pelas duas coisas. A batida do Olodum é uma coisa que contagia todo mundo, claro, mas é bom lembrar que MJ naquela época já atuava fortemente com o discurso de paz no planeta. Então eu acredito que a marca do Olodum também contribuiu para isto, para esse encontro de som, de batida, de coreografia com o discurso de paz para o mundo. Foram as duas coisas, mas acho que foi um pouco de sorte também, concorda?

NOVA IORQUE


João Silva da Maria foi convidado para em 27 de dezembro de 2010 palestrar em Nova Iorque, Estados Unidos, sobre as suas 1000 marcas criadas, entre elas a do Olodum, Collor entre outras que foram premiadas internacionalmente. Falará também da campanha "Pensar o Novo", que colocou em outdoors de Salvador a imagem do Barack Obama, mesmo antes dele ter vencido as prévias contra Hillary Clinton, e também do comercial de televisão criado junto com Zé Armando Big Apple, que foi ar logo após o atentado do11 de setembro.

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