segunda-feira, 10 de janeiro de 2011

Lavagem do Bonfim: descaracterização das comemorações

Na próxima quinta-feira, 13, a Colina Sagrada ficará pequena para o número de devotos, adeptos, simpatizantes e foliões da tradicional Lavagem do Bonfim. A cada ano, aumenta visivelmente o número de participantes da festa, mas conhecedores e amantes da tradição alertam: “nem só de gente na rua vive uma festa popular”.




As críticas são sobre a falta de apoio do poder público e perda das tradições. A avaliação do produtor cultural, colecionador e admirador das festas populares Dimitri Ganzelevitch é enfática: “hoje a festa de largo é um trampolim para se vender cerveja. Com isso, Salvador perde cultura e perde dinheiro. É uma riqueza indo embora”, disse.

O tesoureiro da Devoção do Senhor Bom Jesus do Bonfim e historiador, Luiz Geraldo Carvalho, que há uma descaracterização das comemorações: “As festas de largo perderam sua força com esse incentivo para o sentido do carnaval”, disse, em alusão aos shows de axé music que acontecem em paralelo às comemorações religiosas e ao estilo musical promovido nas barracas de comes e bebes.

Segundo a Empresa Salvador Turismo (Saltur), responsável pela realização da festa, a presença dos grupos tradicionais também tem diminuído: “Esse ano faremos um estudo para avaliar o público, o impacto e os potenciais da festa”, disse o presidente do órgão, Cláudio Tinoco.

As festas para o Senhor do Bonfim - que envolvem a novena, a lavagem das escadarias da igreja, a procissão e outras comemorações -, sofreram diversas mudanças ao longo dos anos. Já foram personagem centrais os trios elétricos (proibidos nos anos 90), as carroças, as bicicletas, as baianas e os jegues de lavagem - alvos mais recentes de tentativas de proibição.

Uma ação cautelar foi proposta pela Ordem de Advogados Seção Bahia (OAB-BA) e pelas ongs Terra Verde Viva, Animal Viva e Célula Mãe contra a presença de equinos. Entre as provas apresentadas está um vídeo sobre maus tratos falta de fiscalização em 2010.

“Não pode haver cultura ou tradição sobre a crueldade e ilegalidade”, defendeu a presidente da Comissão de Proteção dos Direitos dos Animais da OAB-BA, Alessandra Brandão.

Assista o documentário “Os animais na terra da felicidade”, apresentado como prova para a ação que visa proibir a presença dos animais na festa.






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