terça-feira, 13 de dezembro de 2011

Também sobre Salvador, Bahia e afins por André Ferraro

Sou caranguejo não, mermão!
Se o barco afunda poucos resistem, e quando os ideologos do Axé Babá que ajudaram a forjar o telúrico, muito capazes por suas causas profissionais, passam a tocar o pau na criatura, no monstro de sete cabeças nascido nas sua próprias teorias, alucinações e práticas, os anjos saltitam nos céus. Odara.
E mais, quando passam a elogiar e propagandear quem roçou com o rockn roll, como Recife, ou imploram por um outro lugar melhor para viverem, lembrando saudosos de alguma era de ouro, e a partir disso falam em virada, em mudança, eles merecem esfuziantes aplausos. Finalmente.

Por quererem tirar a Cidade da Bahia da letargia, da sua paralisia cerebral, da merda que está afundada, mesmo que possam ser co-responsáveis, ainda que involuntariamente, por tal lobotomia coletiva, bato as minhas humildes palmas. Antes agora do que nunca.



Qualquer coisa, mesmo que tardia, ou com intenções eleitorais, de oficio, auto-promocionais, ou não, por mais contraditórias que signifiquem em relação a atividade e cotidiano de cada um, mas que tente redirecionar essa cidade para além da mediocridade já é um alento. E fico de pé, surpreso e admirado.

Torço e espero que sejam sinais de mudanças verdadeiras, de um basta na politicagem letárgica, que afogada na própria imagem, se contenta com a eleição e sua lógica sem ética, e vive com os encantos do poder a comprar apoios, e com a mesma velha fórmula, suportando suas mentiras através da mídia venal, sem querer nem se comprometer com o que claramente precisa ser feito. A roda do mal a pleno vapor.

Que sejam sinais de que tal quadro não contaminou como epidemia, e não sejam apenas mera vertigem sintomática da meningite coletiva. Que essa terra tenha forças pra se superar, além da inveja, do despeito e do olho gordo que sempre nos atrapalhou e caracterizou. Aquele que paga 100 pro vizinho não ganhar 10.

Que sirvam pra romper com o pior do nosso atraso: a miséria manipulada, o serviçalismo atávico, a rede de influencias que detona e corrói indistintamente todos os poderes. Aquela mesma do empreguismo, das negociatas, do pilhar o dinheiro público.

Que sirvam para destronar de uma vez por todas as revelações de intimidades bizarras em plenário, e tudo mais, que desde sempre, desde Gregório, rondam como urubus os palácios mal cheirosos da cidade, seja na Praça Municipal ou no Campo da Pólvora, na Ondina ou no Centro Administrativo, não coincidentemente escolhido há muito tempo pra ser lá pelas bandas de Sussuarana, onça-parda solitária de hábito crepuscular e noturno.

A coisa não é nova, nem novidade há, e todo mundo tem o João que merece em cada fase, em cada lugar. Mas finalmente algumas vozes e mentes lúcidas mostram que não se rendem, mesmo que arrependidas, e começam a ser ouvidas pelos cantos da cidade adormecida, do monstro putrefato.

Que soem os tambores mais fortes e resistentes da capital mestiça. Que toquem as trombetas do apocalipse caótico da esculhambação geral. Que marchem as cinturas mais dançantes para a cerimônia de enforcamento dos capatazes escrotos do escravagismo disfarçado. Ninguém sabe mais quem é quem, e cada qual que salve seu cu.

A hora chegou, os primeiros começam a pular no mar e parecem querer livrar a própria cara. Que cresça da lama a Bahia que não tem dono e nunca terá. Que do barco venham doces piratas, e que seus tesouros, como tudo agora é pra já, sejam revelados pelos escafandristas profetas do futuro aqui e agora, os cyberpunks da web. Já é Carnaval, cidade, acorda pra ver!

Que venha minha Bahia minha porra toda. Eu quero é mais, eu quero é rir demais. Como bebendo no gargalo hoje e agora gargalho, caralho! Ha ha ha ha ha.

Mas que pelo amor de deus, que nada disso signifique o atraso e que sirva de alerta pra coisa andar pra frente, pro novo horizonte, pra ficção científica e delirante do lugar que se supera e se impõe.

Nada de ré. Lá ele! Sou caranguejo não, mermão, essa putaria tá boa pra cacete, e dessa confusão não quero sair por certeza nenhuma desse ou de qualquer mundo.

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