sexta-feira, 10 de fevereiro de 2012

Digno de pena: o assassino dos seres sem nome que penam - poema de Luis de Castro


 Indignado com o corriqueiro e internacional fato de que este modelo de organização é hipócrita. Na produção de excluídos, estes, que perambulam pelas ruas das cidades, na indiferença, vieram neste poema fazer a diferença.
Este poema que, não sei se inspiração, ou, mais um momento de dor na reflexão, veio com certeza da omissão dos poderes e da maioria de nós, ao fato de que gente é assassinada aos olhos de todos sem qualquer forma de punição com a naturalidade de um mudar de roupa e pra muitos que podem de uma simples refeição diária:
Em Salvador, a poucos dias durante um movimento, aparentemente sindical, vários deste desabrigados foram assassinados:
Raimundo Braga

Digno de pena: o assassino dos seres sem nome que penam
 Este que aponta sua arma
O homem ao alvo inerte,
No chão abandonado, sem alma,
É o Cidadão com nome, qual?
Esse que corajosamente,
Espanca; tortura e assassina,
Nos olhos e vontade de muitos
Esse cidadão digno de pena!
Tem rosto, nome na identidade,
Mata apenas, escoria da humanidade,
Sem nomes: Mendigos, Moradores de ruas,
Excluídos, sem vaidade habitam o planeta autista,
 Matadores têm da maioria a solidariedade
 Nos olhos vazios a falta de humanidade!

Ponhamos nomes nestes, ó mídia,
Estes cujos crimes não precisam ser resolvidos
Não precisa julgamento, ó justiça cega!
Estes que não venceram e não tem qualquer esperança
No mundo que anda, fabrica de excluídos por minuto,
Neste que clamamos como modelo
E que tem raízes no mundo inteiro
Ponhamos nome:
Nome de Mané, de Zé e lelés, mulheres de pouca fé,
Sem identidade, percorrem,
Silenciosamente as ruas da cidade
Como no resto do mundo (vejo nos filmes da TV)
Estes culpados do cérebralismo aterrador
Empurrando seus carrinhos de supermercado
Carregados, de paixão e dor,
Ao encontro deste senhor
Que os fazem de alvo.
A este matador,
Por ser merecedor,
Dê sua piedade
Predador.


Luis de Castro 09/02/2012

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