quinta-feira, 16 de fevereiro de 2012

NEGROS, POBRES E A GREVE DA PM/BA - POR Jose Carlos Menezes

- “Eu gostei dessa greve. Assim as classes altas ficam sabendo como é que é essa polícia que a gente tem aqui”. A frase é de um cidadão, negro, rastafári, pobre, trabalhador, quem conversei em uma praia, de Salvador, ao perguntar sobre o que achava da greve da PM. Todos os dias, brother, eu sou humilhado por essa polícia. Que a maioria é negra ou mulata, também, esclarece. Os homi já chegam pra mim falando: cadê a maconha negão? Sacode essa cabelo aí que vai cair baseado. Onde que você roubou essa camisa e essa bermuda negão? E não é nada de marca não brother. Basta ser uma coisinha de qualquer cinquenta, quarenta reais... basta ser uma coisa melhorzinha que eles já invocam. Perdi as conta das vezes que me mandaram sentar na lama, pra emporcalhar a minha roupa. E ficam rindo... E aí negão? Curtindo uma onda com roupa roubada? Agora vai na sujeira... E nessa greve os maiores não foram prejudicados, não brother. Os grandes tavam tudo protegido. Teve shopping invadido? Loja de marca foi roubada? Supermercado grande foi saqueado? Foi nada, irmão. Só foram os pequenos. E os prejuízo dos grandes eles tem grana pra se safar. Os pequenos se fodem, como sempre. Mas a sociedade ficou com medo dessa polícia aí. O mesmo medo que eu tenho todo dia, brother. Por isso que eu gostei. Pra eles sentirem um pouquinho na pela o que eu sinto só porque sou negro, pobre e ainda por cima rastafári. Não é que vai resolver. Não vai resolver nada. Vai ficar tudo como tá aí. Pelo menos pra mim, mas pelo menos eles viram como é que são as coisa, aqui, na Bahia”. – Reproduzi, na medida da lembrança. Pra ajudar a pensar, pra gente ficar sabendo, mais uma vez, pelo que passam os irmãos negros, pobres, nessa nossa triste Bahia. E, quem sabe, despertar consciências. Obrigado, meu brother, pela lição.

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