quinta-feira, 26 de abril de 2012

Exposição HEREROS ANGOLA - fotografias de Sérgio Guerra no Rio de Janeiro começa hoje e vai até 8 de julho


O povo nômade Herero é um dos mais antigos da África e também um dos mais esquecidos, mesmo no continente africano. Por esses motivos, o premiado fotógrafo Sérgio Guerra lança luz sobre o assunto na exposição Hereros – Angola, que chega ao Rio de Janeiro depois de passar com sucesso por São Paulo e Brasília. A mostra, que fica em cartaz no Museu Histórico Nacional  de 13 de abril a 8 de julho de 2012 - tem curadoria de Emanoel Araújo, artista plástico e Diretor Curador do Museu Afro Brasil - SP.

Angola traz ao Rio de Janeiro fotos em tamanhos diversos (incluindo plotagens em grandes dimensões), resultado de criteriosa seleção dentre um universo de mais de 30.000 imagens colhidas nas províncias do Namibe e Cunene. A mostra revela um amplo painel da vida, das atividades e dos costumes dos povos Hereros, que vivem espalhados entre Angola, Namíbia e Botsuana, e são compostos por diversos grupos: Mukubais, Muhimbas, Muhakaonas, Mudimbas, etc. A exposição reúne, ainda, roupas, adereços, utensílios diversos e um documentário sobre essa etnia. Um dos destaques mais charmosos da exposição é a holografia Vikuit 3M, onde uma mulher da etnia Muhakaona recepciona e apresenta a mostra ao público.
“Apesar de uma aparência muito diferente, os Hereros são todos da mesma raiz, da mesma família, como gostam eles próprios de definir a matriz comum”, explica Sérgio Guerra. O fotógrafo teve seu primeiro contato no ano de 1999, dentro de um programa de comunicação institucional do Governo de Angola. No entanto, esse primeiro contato não passou indiferente ao fotógrafo. “Ali, com a câmera em punho, entorpecido pela novidade, fiz as primeiras imagens dos Mukubais, mas a dimensão do que me estava a ser revelado eu só teria capacidade de perceber muito mais tarde, sete anos depois”, revela Guerra.
Para Emanoel Araújo, a obra de Sérgio Guerra, sobre o povo nômade mais antigo da África, impressiona pelo sentimento latente de cumplicidade que podemos perceber entre fotógrafo e personagem. Para ele, Guerra nos conduz entre o belo e a aridez que só a realidade do continente africano pode nos proporcionar. “A natureza plena desse povo banhado de sol, da cor da terra, contém uma visão estética grandiosa que a África ainda detém que é esse sentimento essencial das coisas, dos adornos que se fundem com o próprio corpo, com a própria alma pungente desse belo povo Herero”, avalia.
Angola apresenta valiosas referências sobre símbolos, costumes e o modo de viver peculiar desse grupo étnico que mantém suas tradições sem se isolar do mundo moderno. “Eis aqui um povo de corpo e alma, livre e belo como esculturas talhadas no barro vermelho, de olhar profundo e de adereços que se integram no corpo como se a ele sempre pertencesse e da fascinante aventura desse povo que sabe a natureza, de tão espontaneamente fazem parte da eternidade da vida”, interpreta Araújo. Para o curador, o trabalho de Sérgio Guerra é uma ode à vida “pulsando em cada momento para a realidade se tornar visível nesse extraordinário ensaio fotográfico”.
Fotógrafo, publicitário e produtor cultural, Sérgio Guerra nasceu em Recife, morou em São Paulo e no Rio de Janeiro, até se fixar na Bahia nos anos 80. A partir de 1998, passou a viver entre Salvador, Rio de janeiro e Luanda, onde desenvolve um programa de comunicação para o Governo de Angola. Em suas constantes viagens pelo país, testemunha momentos decisivos da luta pela paz e reconstrução, constituindo um dos mais completos registros fotográficos das 18 províncias angolanas. Seu acervo fotográfico propiciou a publicação dos livros 'Álbum de família', 2000, 'Duas ou três coisas que vi em Angola', 2001, 'Nação coragem', 2003, 'Parangolá', 2004, 'Lá e Cá', 2006, 'Salvador Negroamor', 2007, ‘Hereros-Angola’, 2010 e e a montagem das exposições 'As muitas faces de Angola' – Brasília (Congresso Nacional), Salvador (Shopping Barra), São Paulo (Centro Cultural Maria Antônia), 2001; 'Nação Coragem' – São Paulo (FNAC Pinheiros, 2003), Zimbabwe (HIFA, Harare International Festival Arts, 2008); 'Lá e Cá' - realizada na Feira de São Joaquim, a maior feira livre da América Latina, tendo as bancas dos comerciantes como suporte da exposição, Salvador, 2006; 'Salvador Negroamor' - toda ela dedicada às pessoas que vivem na periferia da cidade, destacou-se como a maior exposição fotográfica a céu aberto que se tem registro até hoje, com aproximadamente 1500 painéis espalhados na cidade, Salvador, 2007; 'Mwangole' – Salvador (Galeria do Olhar, 2009); 'Hereros-Angola' – Luanda (Museu Nacional de História Natural), Lisboa (Perve Galeria), 2010 ,São Paulo (Museu Afro Brasil), 2011 e Brasília (Museu Nacional) 2011.

Nenhum comentário:

AS MAIS ACESSADAS

Da onde estão acessando a Maria Preta