quarta-feira, 15 de agosto de 2012

Brasília recebe obras de Oswaldo Guayasamín

Se a América Latina tem uma cara, ela foi pintada por Oswaldo Guayasamín. O equatoriano descendente de índios quechua mergulhou na história, na estética e na experiência do atino-americano para criar uma obra expressionista considerada por muitos como uma das mais relevantes do continente. Nesta sexta (10), Brasil, Equador e o Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados (Acnur) realizam homenagem ao artista, com a abertura de uma exposição em Brasília.


Oswaldo GuasayamínExplicitar a abrangência da obra deste pintor e humanista foi uma das premissas de Pablo Guayasamín, filho do artista, quando selecionou, em parceria com Wagner Barja, os trabalhos expostos no Museu Nacional Honestino Guimarães. Guayasamín — Continente mestiço reúne 350 obras pertencentes à Fundação Guayasamín, sediada em Quito, Equador.
Pablo buscou na infância do pai o início do percurso proposto pela mostra, que vem ao Brasil como parte do Festival Latino-Americano e Africano de Arte e Cultura (Flaac), com apoio da Embaixada do Equador. 

Um desenho feito quando o artista tinha 10 anos e pintava para ajudar na renda da família dá um indício daspreocupações que mais tarde pautariam a obra. Mas é uma série iniciada aos 20 anos a responsável por posicionar Guayasamín na cena artística do continente. Huacayñán, ou O caminho do pranto, é um conjunto de 103 pinturas sobre a saga dos povos desamparados da América Latina. Índios, mestiços e negros ganham uma história narrada a partir da perspectiva de um igual na série pintada entre 1946 e 1951. 

Segundo Wagner Barja, trata-se de uma obra 'monumental, que vai na contramão da história oficial do continente americano" e retrata "da forma mais crua e eloquente" o sofrimento e as ânsias de liberdade dos oprimidos. "Toda sua obra é uma crítica sociocultural em defesa da não-violência, da paz e da igualdade", explicou.

O embaixador do Equador no Brasil, Horacio Sevilla Borja, que foi amigo pessoal de Guayasamín, apontou o artista como 'um historiador crítico' que alcançou uma "universalidade única", refletindo a pobreza dos povos indígenas e os piores conflitos do Século 20.

"Com cores e formas retratou a carnificina da Primeira Guerra Mundial, a tragédia que encarnaram o nazismo e o fascismo, o horror da bomba atômica e as duras realidades de países como Iraque, Bósnia, Chechênia e Ruanda, e até a dor causada pelas ditaduras na América Latina", disse o diplomata.

Barja lembrou que Guayasamín viveu alguns meses no Brasil, em 1957, quando foi premiado por sua obra na Bienal de São Paulo, que o considerou "o melhor pintor da América do Sul", e chegou a conhecer o então presidente Juscelino Kubitschek, de quem fez um retrato que faz parte da exposição.

Esse retrato pertence a uma coleção privada da família de Kubitschek e foi cedido para esta mostra, que estará aberta até o dia 14 de outubro e constitui na maior exposição do artista equatoriano já feita no Brasil.

Nascido em 6 de julho de 1919, em Quito, no Equador, o famoso artista morreu em 10 de março de 1999. Quando faleceu, estava trabalhando na criação da Capela do Homem, uma obra que foi concluída em 2002 e onde está a maioria de seus trabalhos.


Campanha

Durante o ato desta sexta, a Acnur apresentará no Brasil a campanha "Gracias Equador", em que pretende reconhecer a boa política equatoriana em favor dos refugiados, que, segundo o representante da Acnur no país, Andrés Ramírez, representa "uma das múltiplas facetas da tragédia humana" que aparece retratada em toda a obra de Guayasamín.

O Equador é o país latino-americano que abriga o maior número de refugiados. De acordo com os dados da Acnur, eles são hoje aproximadamente 55 mil no país, em sua maioria de origem colombiana.

"Pelo que representa o humanismo de Guasayamín, pelo que representa a solidariedade do Equador", Ramírez disse que a Acnur quis apresentar esta campanha na exposição, cujos visitantes serão convidados a expressar sua solidariedade com "os perseguidos e os deslocados".

De acordo com fontes oficiais, o chanceler equatoriano Ricardo Patiño viajará para Brasília especialmente para a inauguração da exposição, que faz parte das celebrações do 202º aniversário da Independência do Equador, comemorado nesta sexta-feira.

No entanto, apesar do conteúdo cultural de sua visita, o ministro equatoriano aproveitará a oportunidade para revisar com o chanceler brasileiro diversos aspectos da agenda bilateral e regional.

Fonte: Com agências

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