sexta-feira, 28 de setembro de 2012

Filme de Spike Lee sobre Michael Jackson prende-se à parte musical de «Bad»



Spike Lee só realizou um vídeo de Michael Jackson. E foi exactamente o de «They Don´t Care About Us», filmado no Brasil, em Salvador e no Morro Dona Marta, no Rio de Janeiro, em 1996.
O cineasta costuma dizer que foi o trabalho mais complicado da sua vida, que precisou pedir para o chefe do tráfico do morro para garantir a segurança de Jackson.
«Essa história inspirou Cidade de Deus, sabia? Cidade de Deus não existiria sem Michael Jackson», exagera o realizador. «Não estavam no Brasil para diversão. Trabalhávamos 15 horas por dia e quase não dormiamos.»
Mas Spike Lee decidiu falar sobre algo que se passou 10 anos antes disso, as gravações do disco «Bad», que completou 25 anos em Agosto e resultou no documentário «Bad 25», que é exibido hoje no Festival do Rio pela primeira vez no Brasil – a longa-metragem não sairá para o circuito, ganhando apenas edição em DVD, prevista para Fevereiro.
Lee, que tem outro filme no evento, a ficção «Verão em Red Hook», foi chamado pela Sony para recuperar histórias da gravação do álbum que teve a missão de suceder «Thriller» (1982).
Por ser um produto encomendado sobre um dos discos mais importantes da cultura pop, «Bad 25» preocupa-se mais em analisar as gravações e os métodos criativos de Jackson na época em que ele começou a ganhar o apelido de «Wacko-Jacko».
«Na época, Michael Jackson era o ser humano mais popular do planeta. Claro que haveria uma reacção natural a isso. Está inerente em nós. Se temos alguém no topo, queremos trazê-lo para baixo», afirma o cineasta. «As pessoas esquecem que Michael era um homem com talento divino. E foi a minha ideia focar-me apenas na música.»
E nisso «Bad 25» funciona muito bem. Por ter uma entrada fácil na comunidade musical - «Faça a Coisa Certa», de Lee, ajudou a cultura hip-hop a estourar em 1989 -, o realizador consegue depoimentos de Chris Brown, Kanye West e Justin Bieber.
O documentário traz momentos interessantes, mesmo para quem só lembra de Jackson pelas suas excentricidades. O melhor aparece no início, quando Lee destrincha o vídeo de «Bad» ao lado de Martin Scorsese, realizador da «curta-metragem», como Jackson chamava aos seus vídeos.
Scorsese, conhecido pela memória prodigiosa, traz revelações como a surpresa ao ver o movimento pélvico que virou assinatura de Michael e como ele foi contratado para deixar o cantor «mau».
«Martin não via o vídeo há 25 anos e lembrou-se que havia um final alternativo», conta Lee, que também traz detalhes, como um suposto encontro entre Jackson e Prince no auge da rivalidade entre os dois, no fim dos anos 1980.

Nenhum comentário:

AS MAIS ACESSADAS

Da onde estão acessando a Maria Preta