quinta-feira, 13 de setembro de 2012

Um orquestra que vai do axé ao afrobeat - A Orkestra Rumpilezz fecha a nona edição da Mimo

Rum, Pi e Le são nomes dos três atabaques do candomblé. Acrescentei os “zz” do jazz”, explica o maestro Letieres Leite a origem do nome da Orkestra Rumpilezz, grande novidade da música baiana. Em pouco mais de cinco anos, a OR já rodou

mundo, e aterrissa domingo, na praça do Carmo, em Olinda, encerrando a programação da edição 2012 da Mimo, com um concerto aberto ao público, como todos os eventos do festival.
Letieris Leite, 53 anos, tem uma longa folha de serviços prestados à música da Bahia. Até fundar a Orkestra Rumpilezz, em 2006, ele tocou com praticamente todo os artistas importantes do estado: de Gilberto Gil a Ivete Sangalo. Só com a rainha da axé foram 13 anos, como músico e arranjador, da Banda do Bem, que acompanha a cantora. Recentemente a orquestra que rege fez dobradinha com um dos maiores jazzistas da atualia, o saxofonista Joshua Redman.
Embora procure fazer música que seja acessível e popular, o maestro não surgiu de um dia para o outro, como acontece com a maioria dos artistas baianos, que a cada carnaval incorpora uma esrela à constelação da axé music. Ele se aprofundou no estudo da música convencional. Foi aluno, por exemplo, do Konservatorium Franz Schubert em Viena, e da Universidade Federal da Bahia. Letieres e fundador da Academia de Música da Bahia, coordena a Escola de Música da Fundação
Cultural do Estado da Bahia: “A idéia da orquestra é antiga. Queria fazer diferente do que acontece com as orquestras no Brasil, que geralmente tocam samba, ou um ritmo nordestino. Queria uma coisa de impacto”, diz Letieres Leite, que idealizou não apenas a orquestra e o repertório, mas até o visual. A entrevista aconteceu por telefone, de
Porto Alegre, onde iria se apresentar com a Orkestra Rumpilezz. O conceito básico da orquestra é a a junção da tradicional percussão baiana com jazz. Um conceito que está na música e na formação da
orquestra, um big band.
Com os instrumentos tradicionais de uma orquestra , trombones, trompetes, saxofones, e tuba, ele acrescentou a percussão com atabaques, surdos, timbaus, caixa, agogô, pandeiro, caxixi: “Não usamos instrumentos de harmonia, guitarra, por exemplo. É mais ou menos o mesm o sistema que orquestras cubanas emprega, mas a Rumpilezz, não apenas a execução de desenhos percussivos para uma big band: “Foi preciso sistematizar este processo. Mas a orquestra é só
ponta do iceberg. O que quero mesmo é criar uma escola, com cursos de música, uma coisa coisa com que sempre sonhei”, diz Leteres Leite.
A percussão baiana do candomblé, com a mais recente feita por blocos afro, e ainda um tempero de afrobeat nigeriano. Com este caldo suculento, a Orkestra Rummpilezz conquistou um espaço que já se estendeu para outros países.
O grupo lançou apenas um álbum, em 2009, pela Biscoito Fino,. Com ele açambarcou, entre outros prêmios, o da revista Bravo (Melhor Álbum Popular de 2010), e do Prêmio da Música Brasileira (categorias Revelação e Melhor Grupo Instrumental).
Na apresentação de hoje, Letieres e a Orkestra Rumpilez tocam o repertório do seu único CD: “Também faremos músicas novas, do próximo disco. Era nosso sonho tocar em Pernambuco, e tocar aí não é fácil”.

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