quarta-feira, 10 de outubro de 2012

Ritos de passagem do baiano Chico Liberato é comemorado no Festival do Rio


Resenhas de um Dia Animado no Festival do Rio

Ontem foi um dia especial para a animação brasileira no Festival do Rio. As premieres especiais de dois longa metragens: O belissimo "Ritos de Passagem"do veterano artista plástico e animador Chico Liberato e o já tão falado e aguardado por este blog "Uma História de Amor e Fúria" de Luis Bolognesi. Eis as impressões dos dois filmes.
"Ritos de Passagem":
Premiére contou com a presença de vários integrantes da produção. Além de Chico, subiram ao palco do festival a Produtora Cândida Liberato, a Atriz Ingra Liberato que dublou no filme e o músico João Liberato, responsável pela trilha sonora. Foi um belo momento.Afinal de contas esse é o segundo longa de Chico que marcou a história da animação brasileira com Boi Aruá de 1984.
Na foto acima, da esquerda pra direita, Ingra, Cândida, João e Chico Liberato.
A História do Santo e do Guerreiro que fazem um retrospecto de suas vidas no barco de Caronte é o mote do longa metragem de Chico Liberato. A Direção de arte do filme é toda voltada a xilogravura, técnica de
ilustração característica do nordeste. Região onde Chico, como bom baiano que é, fez questão de retratar tanto no visual, quanto na narrativa e na trilha sonora da produção. Os dois personagens principais fazem inclusive parte do imaginário do sertão e também protagonizam dois fatos históricos: O Cangaço e a Guerra de Canudos.
O Filme é um deleite para quem gosta de apreciar a arte. Questões sobre os valores da vida, o sentido desta e várias outras reflexões vão sendo construidas com o desenvolvimento de todas as personagens.
A Trilha sonora é um show a parte. A mistura entre a musica nordestina de raiz, cantigas populares e o clássico marcam bem o ritmo do filme.
Quanto a animação, destaca-se o equilibrio entre a animação 2D limitada e arotoscopia,marcante em algumas cenas com belas coreografias.
Todos esses elementos tornam a produção de Chico Liberato mais um belo exemplo de obra artística utilizando a linguagem da animação.
Mas vale lembrar ao espectador que "Ritos de Passagem" é um filme para apreciar com calma, uma narrativa comtemplativa e reflexiva como toda bela obra de arte merece ser visualizada.
"Uma História de Amor e Fúria":
Logo em seguida foi a vez de "Uma História de Amor e Fúria", além dos produtores, O Diretor Luiz Bolognesi chamou ao palco os dubladores das personagens principais (Selton Melo, Camila Pitanga e Rodrigo Santoro) e também os animadores do filme.
Rodrigo Santoro, Selton Melo e Camila Pitanga falando sobre a dublagem do filme
Bolognesi destacou o desafio que é fazer uma produção. Segundo ele ja é difícil manter uma equipe de produção de Cinema ao vivo unida por 6 semanas. Imaginem só uma equipe de Cinema de animação por 5 anos.
Animadores de Uma história de amor e fúria
E aí vem um filme de tirar o fôlego. A história do  protagonista (Selton Melo) de mais de 600 anos que vive em várias fases de sua vida a eterna luta contra o mal. Em cada fase ele encontra o amor de Janaína (Camila Pitanga) e as desventuras com um antagonista (sempre dublado por Rodrigo Santoro).
Três das fases são situações históricas da cidade do Rio de Janeiro: A Colonização, a Balaiada e a Ditadura Militar. A quarta situação é um futuro apocaliptico (espero que unicamente ficcional) onde a luta será pelo direito de acesso a àgua.
Neste ponto é interessante destacar que o herói da trama luta contra o poder legalmente estabelecido. Os antogonistas fazem parte do que, numa narrativa comum hollywoodiana, seriam os mocinhos. Neste aspecto o filme poderá gerar deliciosas discussões sobre a visão maniqueísta hollywoodiana. A luta do Bem contra o Mal ta bem demonstrada. Mas quem podemos realmente chamar de Bom e de Mau no nosso dia a dia? E quantas serão as lutas que nós espectadores teremos que passar?
Sobre a animação e o ritmo do filme, muitos elogios. Não foi a toa que a sessão terminou super aplaudida pelos espectadores. Primeiramente por ser uma animação brasileira voltada para o público adulto com gênero ficção e sem os costumeiros alivios cômicos. Na parte técnica o bom uso da animação limitada unida ás jogadas de câmera e o recurso da linguagem das Graphic Novelsarrancam suspiros da platéia e permite que o filme tenha um ritmo acelerado e de tirar o fôlego. E por fim as boas adaptações das personagens às diferentes fases que são apresentadas que deixam claro que são a mesma personagem mas que vão evoluindo a cada novo passo dado.
Com esses elementos, "Uma História de Amor e Fúria" ja deixa boas marcas para a animação brasileira. E torcemos para que seja aquela produção que traga mais incentivos e idéias de mais filmes do gênero.
Queria destacar que para mim, foi uma experiência maravilhosa no mesmo dia assistir duas produções com características tão distintas, mas de qualidade inquestionável. Saí do Odeon com aquela sensação que o Cinema de Animação Brasileiro está bem mais maduro e numa evolução que não tem mais como voltar atrás. Que venham mais animações como essas ao Festival do Rio.
Fonte: O Globo

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