Diálogo determina acolhimento de doentes nos terreiros de matriz africana
Após a mãe de santo Nilce de Yansã explicar que o acolhimento aos enfermos que procuram seus terreiros é baseado no diálogo, o técnico do Ministério da Saúde, Reginaldo Chagas, defendeu que o SUS deveria adotar a mesma postura no atendimento a seus pacientes
“O cuidar nos Terreiros”. Este é o título do vídeodocumentário lançado na tarde da última quinta-feira (25), no auditório da Secretária de Políticas de Promoção da Igualdade Racial (SEPPIR). O evento oportunizou um debate sobre como são tratados os doentes que procuram ajuda nos terreiros de comunidades tradicionais africanas e de que forma os ritos praticados nesses locais podem auxiliar os sistemas de saúde do governo.
Durante o bate-papo, Mãe Nilce de Yansã explicou que a primeira providência no acolhimento a uma pessoa adoentada é ouvi-la para reconhecer o seu real problema e identificar a origem da reclamação. “Nós damos atenção a todas as pessoas, ouvimos suas queixas e buscamos tratá-las com ervas e ébos, a depender do caráter social, psicológico ou fisiológico da doença. Conseguimos resolver alguns casos, mas sempre orientamos a procura de uma unidade de saúde”. Mãe Nilce é coordenadora do Grupo de Trabalho de Mulheres de Axé da Rede Nacional de Religiões Afro-brasileiras e Saúde.
A mãe de santo também destacou que compreende o racismo como um dos principais causadores de doenças na população negra. Ela explicou que oferece cursos de artesanato em seu terreiro, voltados para a valorização da cultura negra, porque acredita que essas atividades ajudam as pessoas na cura de enfermidades emocionais que, segundo ela, são comuns nesse segmento populacional.
A experiência dos terreiros foi citada pelo coordenador do Comitê Técnico de Saúde da População Negra do Ministério da Saúde, Reginaldo Chagas, como um exemplo a ser seguido pelo Sistema Único de Saúde (SUS). A conclusão do gestor tomou como base a atenção e o acolhimento oferecidos nesses espaços, conforme os relatos de Mãe Nilce e, segundo ele, de acordo com sua vivência profissional e o contato com o povo de santo.
As secretárias da SEPPIR, Ângela Nascimento e Silvany Euclênio, observaram a importância de valorizar o conhecimento das comunidades de matriz africana. “Os saberes tradicionais tratam da integridade do ser humano. Reconhecer esses conhecimentos é promover saúde e qualidade de vida. Precisamos assegurar que os saberes tradicionais tenham seu lugar garantido na promoção da saúde”, afirmou a secretária de Políticas de Ações Afirmativas, Ângela Nascimento.
“A história negra é contada por meio da ancestralidade, nós temos o papel de manter vivos esses conhecimentos e isso significa garantir a sobrevivência da população negra”, afirmou também a secretária de Políticas para Comunidades Tradicionais, Silvany Euclênio.
Fonte : Seppir
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