quarta-feira, 7 de novembro de 2012

Vídeodocumentário “O cuidar nos Terreiros” exibido no auditorio da Seppir promove debate sobre postura de atendimento do SUS.

Diálogo determina acolhimento de doentes nos terreiros de matriz africana

Após a mãe de santo Nilce de Yansã explicar que o acolhimento aos enfermos que procuram seus terreiros é baseado no diálogo, o técnico do Ministério da Saúde, Reginaldo Chagas, defendeu que o SUS deveria adotar a mesma postura no atendimento a seus pacientes
“O cuidar nos Terreiros”. Este é o título do vídeodocumentário lançado na tarde da última quinta-feira (25), no auditório da Secretária de Políticas de Promoção da Igualdade Racial (SEPPIR). O evento oportunizou um debate sobre como são tratados os doentes que procuram ajuda nos terreiros de comunidades tradicionais africanas e de que forma os ritos praticados nesses locais podem auxiliar os sistemas de saúde do governo.

Durante o bate-papo, Mãe Nilce de Yansã explicou que a primeira providência no acolhimento a uma pessoa adoentada é ouvi-la para reconhecer o seu real problema e identificar a origem da reclamação. “Nós damos atenção a todas as pessoas, ouvimos suas queixas e buscamos tratá-las com ervas e ébos, a depender do caráter social, psicológico ou fisiológico da doença. Conseguimos resolver alguns casos, mas sempre orientamos a procura de uma unidade de saúde”. Mãe Nilce é coordenadora do Grupo de Trabalho de Mulheres de Axé da Rede Nacional de Religiões Afro-brasileiras e Saúde.

A mãe de santo também destacou que compreende o racismo como um dos principais causadores de doenças na população negra. Ela explicou que oferece cursos de artesanato em seu terreiro, voltados para a valorização da cultura negra, porque acredita que essas atividades ajudam as pessoas na cura de enfermidades emocionais que, segundo ela, são comuns nesse segmento populacional.

A experiência dos terreiros foi citada pelo coordenador do Comitê Técnico de Saúde da População Negra do Ministério da Saúde, Reginaldo Chagas, como um exemplo a ser seguido pelo Sistema Único de Saúde (SUS). A conclusão do gestor tomou como base a atenção e o acolhimento oferecidos nesses espaços, conforme os relatos de Mãe Nilce e, segundo ele, de acordo com sua vivência profissional e o contato com o povo de santo.

As secretárias da SEPPIR, Ângela Nascimento e Silvany Euclênio, observaram a importância de valorizar o conhecimento das comunidades de matriz africana. “Os saberes tradicionais tratam da integridade do ser humano. Reconhecer esses conhecimentos é promover saúde e qualidade de vida. Precisamos assegurar que os saberes tradicionais tenham seu lugar garantido na promoção da saúde”, afirmou a secretária de Políticas de Ações Afirmativas, Ângela Nascimento.

“A história negra é contada por meio da ancestralidade, nós temos o papel de manter vivos esses conhecimentos e isso significa garantir a sobrevivência da população negra”, afirmou também a secretária de Políticas para Comunidades Tradicionais, Silvany Euclênio.
Fonte : Seppir

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