quinta-feira, 1 de novembro de 2012

Visão de brasileiros sobre comportamento das autoridades , da população no maior desastre natural registrado em Nova York


Brasileiros relatam ao CORREIO como enfrentaram a chegada do Sandy

Mais de 8 milhões de pessoas ficaram sem energia e acesso à internet. Em Nova York, este é o maior desastre natural já registrado


Foto: Acervo Pessoal
Juliana conta que teve medo da árvore da casa cair onde a filha dormia
Luciana Rebouças e Victor Albuquerque
mais@correio24horas.com.br

“Me senti mal por não ter dado a devia importância à chegada do furacão. Fomos dormir normalmente e eu fico pensando... e se tivesse inundado? E se tivesse entrado essa água toda dentro de casa? Se tivesse caído uma árvore num fio desse e começado um incêndio aqui? Dá medo pensar em todas as coisas que podiam ter acontecido enquanto eu dormia!”, conta a psicóloga baiana Juliana Leite Otero, que mora no bairro do Queens, em Nova York. Ela enfrenta, desde segunda-feira à noite, as consequências do furacão Sandy, que matou mais de 30 e deixou 8 milhões de pessoas sem luz nos Estados Unidos.
Juliana mora com o marido e uma filha de 1 ano e 5 meses. Ela conta que fez parte de um grupo da população que não deu importância à dimensão da tempestade alarmada pelo governo americano. “Espero que não tenhamos tão cedo algo assim, mas vou dar mais crédito aos alarmes do governo, numa próxima tempestade”, relata. Agora, depois de todos os transtornos que as cidades do leste americano ainda enfrentam, Juliana resume: “Parece aqueles filmes do fim do mundo”.

Casas foram atingidas em incêndio no meio do furacão

 no Queens, em Nova York

Comida
De férias em Nova York com amigos, o arquiteto Fernando Uehara conta que está há dois dias se alimentando só de batata frita, por causa da escassez de comida nos mercados. “No domingo, quando a gente foi no mercadinho comprar comida, já não tinha mais salada. Estamos comendo só batatinha frita”. Fernando está hospedado no Brooklin e disse que a área não recebeu ordem de ser esvaziada. Mas ele reclama de estar perdendo passeios, já que há pontes bloqueadas e o transporte público está parado. “Queria visitar o Museu de História Natural...”.

Apesar da falta de comida nos supermercados, a produtora cultural baiana Silvana Magda diz que a situação só não é pior pela obediência americana. “É a cultura da disciplina. Se a ordem foi não sair de casa, os americanos ouvem as razões e obedecem. Não tem jeitinho, eles não pensam: ‘Ah talvez possa sair rapidinho’”, acrescenta. Silvana ainda comenta que, anteontem, algumas pessoas levaram multas por saírem de casa. “Eles sabiam que não era permitido andar no calçadão perto da praia e  foram multados. Porque estavam arriscando a vida dos que teriam que salvá-los”. Sem energia desde a chegada da tempestade, Silvana resume seus dias: “É muita conversa com a família e ouvir o velho rádio de pilha para saber o que está acontecendo”, conta.

O funcionário do governo americano Bob Cavalcante ainda relata que esta foi a pior tempestade que ele já presenciou na costa leste dos EUA. “Os danos são de bilhões e as perdas na vida das pessoas são incomensuráveis”, acredita.
     
O casal cearense Rafael Lopes e Lisiane Linhares, de Nova Jersey, disse que os momentos em que a tempestade Sandy passou pela cidade foram de “clima de filme de terror”. Eles estão próximos do Rio Hudson e temem por inundações onde vivem. “O risco de vir água para o lado da gente é muito grande. O prédio fazia muito barulho durante a tempestade e era clima de filme de terror”, conta Rafael.

Mais de 15 mil voos para os EUA foram cancelados desde domingo
Ao menos 15 voos entre o Brasil e os Estados Unidos foram cancelados ontem devido à passagem do furacão Sandy pela costa leste americana. Essas viagens estão entre as 6 mil afetadas pelo fenômeno natural só ontem, segundo o serviço de monitoramento de voos FlightAware. O serviço registra também cerca de 500 viagens canceladas para hoje e um total de 15,7 mil voos alterados em consequência do ciclone desde domingo. A Infraero recomenda a passageiros que tenham voos para os EUA que entrem em contato com as companhias aéreas para verificar possíveis atrasos ou cancelamentos.

A agência de viagens baiana Happy Tour, por exemplo, está remarcando algumas saídas para dois ou quatro dias mais à frente, quando a expectativa é que o furacão já tinha se dissipado. “As companhias aéreas têm remarcado sem cobrar nenhuma multa”, conta Angela Carvalho, sócia da Happy Tour. 
  
Para a coordenadora institucional da Associação Brasileira de Defesa do Consumidor - ProTeste, Maria Inês Dolci, os problemas com as viagens já marcadas são um motivo de força maior, já que o furacão é um evento da natureza. “Tem três alternativas: remarcar a passagem, escolher outro destino ou solicitar o dinheiro de volta”, afirma. Se o passageiro estiver com medo e desistir da viagem, Dolci explica que as agências podem cobrar até 10% de multa. “Mais é abusivo”.

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