quarta-feira, 18 de setembro de 2013

Exército matou Lamarca à sombra de uma árvore no sertão baiano, em setembro de 1971

Morte. Lamarca foi assassinado por homens do Exército no sertão da Bahia Reprodução/21-09-1971
Capitão percorreu mais de 300 quilômetros de caatinga em 20 dias até ser assassinado

Em 24 de janeiro de 1969, o capitão do Exército Carlos Lamarca deixou o quartel de Quitaúna, em São Paulo, com 63 fuzis FAL, algumas metralhadoras leves e muita munição. O capitão já militava na organização Vanguarda Popular Revolucionária quando decidiu desertar do Exército e iniciar um foco guerrilheiro para lutar contra a ditadura no país — instalada com o golpe de 1964.

Nascido no Rio, em 1937, era casado com Maria Pavan, com quem teve dois filhos: César e Cláudia. Na luta armada, viveu com a psicóloga e também militante Iara Iavelberg. Quando deixou Quitaúna, Lamarca separou-se da mulher e dos filhos, enviados para Cuba na véspera da sua deserção.

O capitão viveu clandestinamente por dez meses em São Paulo, antes de seguir para o Vale da Ribeira, com mais 16 militantes, a fim de realizar um treinamento em guerrilha. Em maio de 1970, a região foi cercada por tropas do Exército e da Polícia Militar. Houve combates, mas Lamarca conseguiu escapar. Quatro guerrilheiros foram presos na operação.

De volta a São Paulo, planejou e comandou ações armadas. Ficou dois anos e oito meses na clandestinidade. Em 1971, saiu da VPR e passou a fazer parte do Movimento Revolucionário 8 de Outubro (MR-8). Em junho do mesmo ano, foi para o sertão da Bahia, no município de Brotas de Macaúbas, com a missão de estabelecer uma base do MR-8 no interior.

Com a prisão em Salvador, em agosto, de um militante que conhecia seu paradeiro e a localização de um aparelho onde se encontrava Iara Yavelberg, companheira de Lamarca desde 1969 (Iara suicidou-se com um tiro de revólver no dia 23), os órgãos de segurança iniciaram o cerco à região.

Depois de um tiroteio entre a polícia e os irmãos de José Campos Barreto, o Zequinha, que acompanhava Lamarca, os dois iniciaram uma fuga pela caatinga, percorrendo cerca de 300 quilômetros, em 20 dias. Em 17 de setembro de 1971, Lamarca e Zequinha descansavam à sombra de uma árvore quando foram mortos por homens do Exército.

Em 13 de junho de 2007, a Comissão de Anistia, do Ministério da Justiça, aprovou uma promoção especial para Lamarca. A Maria Pavan Lamarca, viúva do ex-capitão, foi concedida pensão equivalente ao soldo de um general. A comissão autorizou ainda o pagamento de R$ 300 mil em indenização para Maria e para os dois filhos de Lamarca, César e Cláudia, como compensação financeira pelo tempo que passaram no exílio em Cuba, de 1969 a 1979.


Fonte: http://acervo.oglobo.globo.com

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