A tribo paiter-suruí, de Rondônia, anunciou ontem a venda do primeiro lote de créditos de carbono certificado em território indígena.
Feito de acordo com o mecanismo Redd (Redução de Emissões por Desmatamento), o Projeto de Carbono Florestal Suruí é o primeiro programa indígena a obter certificações internacionais VCS (Verified Carbon Standard) e CCB (Climate, Community and Biodiversity Standard).
Natura/Divulgação
Líder indígena Itabira Suruí (de cocar vermelho), da tribo paiter-suruí, que fica na fronteira de Rondônia com Mato Grosso
A primeira empresa a fechar negócio com os suruís é a Natura, que comprou 120 mil toneladas de carbono por R$ 1,2 milhão, de acordo com o líder indígena Almir Suruí.
A tribo vive em Rondônia numa área de 248 mil hectares, com 1.350 habitantes. Para a realização do projeto, foi feito um inventário do carbono estocado na floresta e uma estimativa de quanto seria perdido caso o desmate da área continuasse. Esse trabalho técnico foi feito pela ONG Idesam (Instituto de Conservação e Desenvolvimento Sustentável do Amazonas).
"Os números precisam ser bem robustos para dar credibilidade ao projeto", diz Mariano Cenamo, do Idesam.
Ele conta que o território suruí já foi alvo de extração ilegal de madeira, inclusive com envolvimento dos índios. "Era a alternativa que eles achavam para a geração de renda." Agora, com a venda de créditos, a ideia é que atividades sustentáveis, como turismo e extrativismo, sejam priorizadas. Os índios também se comprometem a proteger a área do desmate.
Segundo a Natura, os créditos adquiridos vão neutralizar 15% das emissões de carbono de 2011, 2012 e 2013.
Arquivo Idesam
Vista aérea de roça em aldeia da Terra Indígena Sete de Setembro
Fonte: Folha | DE SÃO PAULO
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