segunda-feira, 16 de dezembro de 2013

Maria e o filme Son of God


Católica praticante, a atriz Roma Downey diz ter realizado um sonho ao interpretar Maria, mãe de Jesus, na TV, na minissérie A Bíblia, e também no cinema, em Son of God, filme derivado do seriado com estreia prevista para o ano que vem. Afeiçoada a papeis cristãos – seu trabalho mais famoso foi como o anjo protagonista da série O Toque de um Anjo (1994) –, Roma também pode comemorar o fato de ser, ao lado do marido, Mark Burnett, criadora e produtora da série em que atua, considerada um dos maiores sucessos da TV em 2013.


“Quando sonhamos com a série, há cinco anos, não imaginávamos que seria um fenômeno”, diz a atriz. Mas foi. No episódio de estreia nos Estados Unidos, exibido em março pelo canal a cabo History Channel, A Bíblia alcançou mais de 13 milhões de espectadores, e desbancou o líder de audiência do horário em oito anos, o reality show musical American Idol. O feito a colocou entre as maiores audiências da TV paga americana. No total, seus dez episódios, que narram, cada um, uma história diferente do livro sagrado, atingiram mais de 100 milhões de espectadores no país. No Brasil, a série é exibida pela TV Record, que também se beneficiou com o programa, conquistando a vice-liderança na faixa das 21h30, às quartas-feiras.

No próximo dia 18, o canal exibe o derradeiro capítulo do seriado. No dia seguinte, um box com quatro DVDs da série complementada com extras chega às lojas e pode repetir no Brasil, às vésperas do Natal, uma venda comparável à americana, que viu o produto sumir de suas prateleiras. Em apenas uma semana, o box teve mais de meio milhão de cópias vendidas no país, número que o colocou em pé de igualdade com séries como Game of Thrones, True Bloode The Office, com DVDs igualmente bem sucedidos na primeira semana de vendas.

A rentabilidade do programa ainda deve dar pano para a manga nos próximos anos. Em fevereiro, estreia nos Estados Unidos Son of God, o filme derivado do seriado, com o mesmo elenco, mas foco apenas em Jesus. Roma volta ao papel de Maria e o bem-apessoado ator português Diogo Morgado empresta, novamente, seu sorriso econômico para o personagem principal. Ainda para o ano que vem, é prevista a segunda temporada do programa, desta vez no canal NBC, uma grande rede de TV aberta americana.

A boa fase para histórias tiradas da Bíblia poderá ser conferida também em Hollywood, em produções como Noé, com estreia programada para abril no país. Em entrevista ao site de VEJA, Roma fala sobre essa nova safra de filmes bíblicos, sobre os detalhes do longa Son of God e da série e sobre como, juntamente com o marido, decidiu humanizar personagens sagrados.

Existem estudiosos que apontam Jesus como um líder mais político que espiritual. Vocês concordam com essa visão? Ela influenciou o roteiro do filme? Sim. No filme, o contexto político da época de Jesus é bem ambientado. A Palestina era dominada pelo Império Romano. De um lado, havia a crueldade do regime ditatorial. Do outro, a pobreza do povo hebreu. Então, o clima era tenso e perigoso, e o povo era uma bomba-relógio. Nesse momento, o povo judeu procura um líder e Jesus surge com um discurso sobre o amor e a liberdade. Ele morreu pela liberdade e mandou as pessoas não temerem a morte por seus ideais.


Como foi o processo de escolha do ator para o papel de Cristo? Escolhemos o ator português Diogo Morgado para o papel principal, pois queríamos alguém que pudesse, ao mesmo tempo, passar a ideia de um leão e de um cordeiro, que são as duas características principais da personalidade de Jesus. Ele se adequou bem ao papel. Existem interpretações da Bíblia que dizem que Jesus era fraco, mas não o vemos assim, e sim como alguém forte, com postura. Ele poderia levantar uma espada e lutar se quisesse, tinha físico para isso, mas escolheu não o fazer, e sim lutar só com a palavra.

Como foi o processo de criação da minissérie? Todo o processo, desde sonhar com a série até colher seus frutos, agora, levou cinco anos. Nunca imaginamos que o programa seria o fenômeno que se tornou, com mais 100 milhões de expectadores só nos Estados Unidos. Agora, o seriado está sendo visto pelo mundo. Recentemente, teve uma forte estreia em Hong Kong e na Austrália. Enquanto falo com você, acabo de receber uma mensagem sobre a estreia na França, onde o primeiro episódio triplicou a audiência do canal no horário em que foi exibido. E pensar que a França não é um país tão cristão me deixa feliz, isso demonstra a boa aceitação do programa.

O que mais podemos esperar do filme? Será um épico, como a minissérie? Será um filme épico, com milagres, lindas paisagens, uma bela trilha sonora e um grande elenco multicultural. O orçamento ultrapassou pouco mais de 20 milhões de dólares. Jesus não era representado no cinema havia dez anos, desde o filme A Paixão de Cristo, de Mel Gibson, em 2004. Vamos mostrar a vida dele desde a adolescência até a morte. Creio que existem fãs da série ansiosos por essa produção.

O filme é feito para cristãos? A intenção é alcançar todas as religiões. A principal mensagem do filme não é propagar uma religião específica, mas sim o poder do amor. E existem pessoas que não vão ao cinema por causa da crença, mas sim para conhecer mais da história de um homem que é tão falado mais de 2.000 anos depois de sua morte.


Novos filmes bíblicos estão previstos para 2014. Por que essa temática está em alta agora? Desde os anos 1950, com filmes como Os Dez Mandamentos, não percebo um momento tão fértil para o tema. Hollywood é feita de ciclos, até porque muitos jovens e crianças não viram filmes como esses temas e são público em potencial. Toda uma nova geração cresceu desde A Paixão de Cristo, de Mel Gibson, por exemplo. Estou ansiosa para ver Noé eExodus. Sabemos que são filmes atemporais, com uma mensagem poderosa. Também acho que o sucesso da série A Bíblia pode ter dado um empurrão a essa safra, já que vários filmes estavam no papel fazia muito tempo e agora estão sendo produzidos.

Como a senhora compara as produções dos anos 1950 e 60 com as atuais? Quando eu era criança, vi muitos filmes antigos e tinha a sensação de que as pessoas eram muito limpas e ricas, os personagens bíblicos eram santos, perfeitos, imaculados. Quando decidimos fazer nossa série e o filme, lembro que conversamos sobre como caracterizar os personagens de forma mais autêntica e realista. Com sujeira, pobreza, fraquezas. Só Jesus era santo, os demais personagens da Bíblia são pessoas normais como nós. Personagens ruins com experiências incríveis. Assim, eles se conectam com a audiência.

Como foi interpretar Maria, a mãe de Jesus? Foi um privilégio. Como atriz, o meu desafio também foi humanizá-la. Ela sabia que era mãe de um ser sagrado, mas no fundo era só uma garota com um filho. Uma jovem mãe. Então, foi emocionante fazer as cenas, principalmente aquela em que ela vê o próprio filho ser assassinado. Sentir isso pelo coração de uma mãe é terrível. Eu sou mãe e fiquei imaginando como ela se sentiu naquele momento.

A senhora é uma pessoa religiosa? Sou católica praticante. Amo a Jesus e a sua mãe toda a minha vida. Esses motivos deixaram minha jornada mais apaixonante. E foi um prazer trabalhar com meu marido, Mark Burnett, criador da série. Costumamos brincar que o verdadeiro milagre desse programa foi que, apesar de trabalhar todos os dias por cinco anos ao lado dele, ainda estamos juntos e felizes.

O que pode adiantar sobre a segunda temporada? A segunda temporada está prevista para 2014 e, por enquanto, tem o nome de A.D. Na história, seguiremos a vida dos discípulos de Jesus após sua morte. Vamos ver como eles se comportaram após a perda, como lidaram com as pressões do governo romano e o início das primeiras igrejas.


Fonte: Veja

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