Mesmo com baixa adesão, toplessaço causa alvoroço na Praia de Ipanema
RIO - Com atraso de mais de uma hora, poucas mulheres participaram do toplessaço na manhã deste sábado na Praia de Ipanema, na Zona Sul. A primeira participante retirou a parte de cima do biquíni, sob os olhares, assobios e até palavras de baixo calão, durante o protesto, em frente à Rua Joana Angélica. Cerca de 200 curiosos acompanharam o ato, que foi marcado pelo Facebook.
Uma delas foi a estudante de Ciências Sociais Carolina Jovino, de 18 anos. Ela escreveu no corpo a palavra liberdade.
- Não tenho como esconder uma parte do meu corpo. Quero que as pessoas me digam por que o meu peito é mais chamativo do que os outros. Estou me sentindo reprimida. Ninguém anda pela praia perseguida por 50 pessoas.
Uma amiga de Carolina, Maria Suprani, de 17 anos, que cursa o Ensino Médio, ficou preocupada com o assédio, mas não desistiu do topless.
- É um preço que se paga. Não há nada que eu possa fazer. Quero liberdade.
Mulheres participam de toplessaço na Praia de Ipanema. Foto de Márcia Foletto |
Organizadora demorou a tirar sutiã
Organizadora do evento, a produtora Ana Rios, inicialmente decidiu não fazer o topless. Segundo ela, a ideia inicial era dar visibilidade ao problema da falta de liberdade da mulher em relação ao corpo. A parte de cima do biquíni foi retirada somente após o fim do assédio de fotógrafos.
- A ideia inicial era que o assunto ganhasse repercussão. Pena que se transformou num circo midiático. O que mais me impressiona são os homens que vieram aqui ver peitos. Se por um lado acabou virando um circo, de outro a discussão sobre o tema atingiu todos os setores. Não me sinto intimidada. Se eu fizesse topless, estaria usando o meu peito com conteúdo erótico. Não nego que mostrar o peito é erótico, mas também seria a hora e o lugar de mostrar que precisamos ser livres. Espero que essas pessoas que estão coagindo as pessoas hoje se sintam coibidas de fazer isso no futuro - desabafou Ana antes de fazer o topless.
A engenheira Denise Limpias disse que é a favor da bandeira:
- Essa causa é justa. Acredito que esteja atrasado, porque no Rio tudo atrasa - justifica Denise - O Brasil é a terra do peito e da bunda. A gente vê meninas sem calcinha dançando funk. Então, por que não podemos mostrar o peito na praia? - indaga.
A atriz Tatiana Henrique diz que costuma fazer um semi topless (desamarra o biquíni para tomar sol de bruços) com frequência.
- Tenho vontade de fazer topless, mas fico intimidada. Se a policia vier, vamos comprovar que acontece no Rio o que justifica essa ação: a criminalização do corpo. Isso não pode mais acontecer - recrimina ela.
No entorno, alguns manifestantes, com roupa, traziam cartazes contra o aumento dos preços das passagens, anunciado pelo prefeito Eduardo Paes, e em defesa do passe-livre nos ônibus.
Fonte: O Globo
Nenhum comentário:
Postar um comentário