sábado, 7 de dezembro de 2013

Toplessaço!

Quase 4 mil confirmam presença em ‘Toplessaço’ na Praia de Ipanema, na chegada do verão
Organizadora diz que, no Brasil, há o culto ao corpo, ‘mas os peitos de fora são vistos de forma criminalizada’
Além do Rio, devem ocorrer manifestações em São Paulo, Vitória e Porto Alegre


A atriz e produtora de teatro Ana Rios, uma das organizadora do 'Toplessaço', em tarde de sol na Praia do Leblon - Gustavo Miranda / Agência O Globo

RIO - O primeiro sábado do verão, no próximo dia 21, promete ser polêmico. É que está marcado um "Toplessaço" na Praia de Ipanema, na Zona Sul do Rio. A manifestação - marcada para começar às 10h - tem sido divulgada no Facebook pela atriz e produtora de teatro Ana Rios e pela estudante Bruna Oliveira, ambas de 23 anos. Resultado: em menos de 72 horas, foram mais de 4 mil nomes confirmados até a manhã desta quinta-feira.

O protesto também já ganhou eco em todo o país. Ana conta que estão sendo preparadas manifestações similares em praças públicas nas cidades de São Paulo, Vitória, no Espírito Santo, e Porto Alegre, no Rio Grande do Sul:

- Queremos um verão sem marcas de biquíni e, principalmente, sem as marcas da repressão. Recebi muitas mensagens de pessoas querendo aderir ao movimento - conta a carioca, que mora em Laranjeiras.

Com a proporção que a manifestação está tomando, a segurança é algo que já preocupa Ana, que confirmou ter recebido mais de mil de mensagem machistas e agressivas. Segundo a produtora, a sociedade distorceu muito o lado feminino e isso acabou erotizando o corpo da mulher, tornando-se um objeto de consumo:

- Em todas as bancas, há revistas e jornais que mostram o corpo da mulher de forma vulgar. O mesmo ocorre nas novelas, nas campanhas e no carnaval. Os biquínis estão cada vez menores. O corpo já é totalmente exposto. O único problema são os mamilos - afirma Ana.

Segundo Ana, a ideia do movimento é propor "uma reflexão sobre onde foi parar o simbolismo do corpo da mulher no atual cenário da sociedade". Ana acredita que a prática do topless é individual e não agride ninguém.

- Não é para ser caso de polícia. Há problemas muitos maiores. Só faz topless quem quer. Aqui no Brasil, há toda essa questão do culto ao corpo, mas os peitos de fora são vistos de forma criminalizada. Mostrar mais o corpo é o atual comportamento da mulher moderna. Em vários outros lugares do mundo, como na Europa, a prática é comum. Todos os homens e mulheres foram amamentados. Não vejo o porquê de polemizar os mamilos - explica Ana, que é a favor da prática no Brasil.

Engajada em movimentos sociais, ela lembra que foi alvo de "preconceito" ao circular de sutiã na Marcha das Vadias, que aconteceu durante a Jornada Mundial da Juventude no Rio, em julho passado. Mas o estopim para o movimento sair às ruas foi o episódio que envolveu a atriz Cristina Flores, que tirou a blusa para fazer fotos para divulgar uma peça.

- Não vamos levar megafones e pedir para as pessoas tirarem as blusas. Queremos apenas o respeito. Muitos homens querem participar e, em solidariedade ao movimento, vão vestir a parte de cima dos nossos biquínis - conta Ana, que irá acompanhada da mãe, de 52 anos, e da avó, de 73 anos.


Fonte: O Globo

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