sábado, 29 de março de 2014

Governo estuda pedir que população economize energia

O ministro das Minas e Energia, Edison Lobão Jorge William / O Globo

RIO e BRASÍLIA - Para garantir que não haverá apagões de energia durante a Copa do Mundo, o governo pode pedir que a população economize energia. Em uma entrevista publicada pelo jornal “The Wall Street Journal”, reproduzida pelo jornal “Valor Econômico”, o ministro de Minas e Energia, Edison Lobão, disse – sem fazer referência ao mundial de futebol – que poderá pedir aos brasileiros que "reduzam voluntariamente" a demanda por energia, se o volume de chuvas não aumentar em abril ou maio (meses que antecedem a competição) e não houver uma recuperação dos reservatórios que suprem as importantes usinas hidrelétricas do país. Ele destacou, porém, que é "muito baixa" a possibilidade de falta de energia elétrica antes do início da estação chuvosa que começa em novembro.

O ministro garantiu que não haverá racionamento compulsório de energia, que poderia ser um problema para a presidente Dilma Rousseff, em ano de eleições presidenciais. O país teve racionamento em 2001-2002, no governo do presidente Fernando Henrique Cardoso. Este ano, enfrenta uma onda de calor e de seca recorde. Segundo o “WSJ”, analistas do banco de investimento brasileiro Brasil Plural disseram em relatório de mercado neste mês acreditar que o racionamento não poderá ser evitado.

“Não estamos trabalhando com a hipótese de racionamento de energia”, disse Lobão na entrevista. “Temos a convicção de que isso não será necessário.”

Ao comentar a declaração de Lobão, o presidente da Eletrobras, José da Costa, afirmou que potencial de economia de energia no país este ano é de 10% do total do consumo por meio de programas de racionalização. Mas este ano deverá ficar entre 2,8% e 3%, segundo a meta do Procel. Costa explicou que a racionalização de energia deve ser feita sempre e que esta tem sido a recomendação do ministro de Minas e Energia, Edison Lobão.

— Este ponto temos que lutar por ele sempre, independente da condição de reservatório que nós tenhamos. Eu acho que temos que intensificar ele sim, o programa de racionalização, não é de racionar — disse Costa.

O presidente da Eletrobras disse que não viu a entrevista do ministro, mas que Lobão tem colocado sempre, “inclusive na minha posse” a preocupação com a racionalização de energia.

— Ele me deu cinco missões, uma delas é ter como um dos pilares básicos da Eletrobras a busca da racionalização e da eficiência energética — afirmou.

Governo não planeja cobrar mais de quem não economizar

Segundo o ministro, o governo não planeja cobrar mais das pessoas que não estão economizando energia, como aconteceu durante o racionamento, em que o governo FH cobrava multa de quem não cumpria a cota de energia. Cerca de 70% da geração de energia do país vêm de usinas hidrelétricas, que embora sejam fontes baratas de energia, tornam-se vulneráveis quando há longos períodos sem chuva, afirma o jornal americano.

Nesta quinta-feira, a empresa de planejamento energético do Brasil, Empresa de Pesquisa Energética (EPE), informou que a demanda no país subiu 8,6% em fevereiro, na comparação anual. Lobão afirmou ao “WSJ” que, para evitar qualquer problema durante a Copa do Mundo, o governo instalou duas subestações de eletricidade em cada um dos 12 estádios que vão receber jogos, disse o ministro e garantiu que não há riscos de blecautes durante os jogos.

Ele previu, ainda de acordo com a entrevista, que a demanda por energia elétrica provavelmente não subirá até níveis de pico durante o campeonato mundial de futebol, pois o consumo mais elevado gerado pelos jogos e pelos turistas seria compensado pelo menor consumo de empresas e fábricas, que vão parar em dias de jogos.

Ao “WSJ”, Lobão disse que o governo não quer iniciar o programa de racionalização do consumo antes que seja absolutamente necessário, para evitar uma propagação de medo de uma real escassez de energia. Agir agora "poderia ser interpretado como início de racionamento", disse o ministro ao jornal americano.


Fonte: O Globo

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