Homenagem ao autor que morreu na quinta, aos 87, reúne multidão de admiradores
Desde as primeiras horas da tarde desta segunda-feira, 21, sob um sol forte, mais de 700 pessoas formavam uma fila em frente do Palácio de Belas Artes, na Cidade do México, para a última homenagem ao escritor Gabriel García Márquez, que morreu na quinta-feira, aos 87 anos, e foi cremado no mesmo dia, em cerimônia privada. Alguns carregavam flores amarelas, amuleto e companhia dos momentos de escrita do Prêmio Nobel de 1982, além de livros, e, em vários momentos, cantaram Macondo, sucesso do mexicano Óscar Chávez.
Na chegada ao palácio, a família de Gabo - Mercedes Barcha, os filhos Rodrigo e Gonzalo, os netos e um dos irmãos do escritor, Jaime - foi recebida com muitos aplausos. Vestida de preto, a viúva carregava a urna de madeira com as cinzas de marido, que morreu em consequência de insuficiência renal e respiratória. Ele lutava contra um câncer linfático e, recentemente, ficou oito dias internado em um hospital na Cidade do México por causa de uma infecção pulmonar e das vias urinárias.
Escoltada por carros e motos da polícia, a família deixou sua casa no bairro El Pedregal, em direção ao Palácio de Belas Artes, em três veículos, uma viagem de 30 minutos. Desde sexta, a residência teve a segurança reforçada por causa do grande número de curiosos que estavam no local.
Os presidentes do México, Enrique Peña Nieto, e o da Colômbia, Juan Manuel Santos, também participam do tributo que, no final do dia, já tinha recebido milhares de pessoas.
A urna com as cinzas de Gabo, instalada no vestíbulo do palácio, foi cercada por muitas flores amarelas e coroas, uma delas dizia: "De Fidel Castro Ruz, ao amigo íntimo". No mesmo espaço, podia ser vista uma enorme foto do autor sorrindo, ao lado de uma de suas frases famosas: "A vida não é o que você viveu, mas, sim, suas lembranças e como se lembra para contá-las". Entre os presentes à despedida, estiveram autoridades, artistas, intelectuais e escritores, além de vários músicos tocando vallenato, ritmo folclórico colombiano, acompanhados pelo grande público.
Desde 1961, García Márquez, que nasceu em Aracataca, na Colômbia, morava no México, mas nunca se naturalizou. E foi neste país que escreveu obras fundamentais como Cem Anos de Solidão. O Amor nos Tempos do Cólera, Crônica de Uma Morte Anunciada e Viver para Contar.
Segundo o inglês Gerald Martin, autor da biografia Gabriel García Márquez, Uma Vida, a cerimônia no México respeitou as crenças do escritor. "Ele não era um homem religioso. Era mais um humanista."
Colômbia. As homenagens continuam amanhã, na Colômbia, onde haverá cerimônia solene na Catedral de Bogotá, com a presença do presidente Juan Manuel Santos e na qual a Orquestra Sinfônica do país apresenta O Réquiem, de Mozart, e composição do húngaro Bela Bartók, músicas preferidas de Gabo.
A ministra da Cultura da Colômbia, Mariana Garcés, disse que amanhã, Dia Mundial do Idioma Espanhol, serão lidos em voz alta em todas as bibliotecas públicas do país Ninguém Escreve ao Coronel, em tributo a Gabo que será aberto pelo presidente Santos. / COM AGÊNCIAS
Fonte: Estadão
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