Moradores de Salvador fazem caminhada contra a violência
Estatísticas apontam que entre 2009 e 2012, 6.483 pessoas foram assassinadas na capital baiana |
por Chayenne Guerreiro
A morte de garotos, e o desaparecimento do jovem Geovane Santana, de 22 anos, no último dia 2 após uma abordagem policial, tem chamado atenção para o número de mortes de jovens em Salvador, principalmente na periferia.
Estatísticas apontam que entre 2009 e 2012, 6.483 pessoas foram assassinadas na capital baiana – a maior parte na faixa etária de 19 aos 24 anos.
Além disso, dados de uma pesquisa do Fórum Comunitário de Combate à Violência (FCCV), apontam que entre 1998 e 2004, foram assassinadas 6.308 negros. A terceira “Marcha contra a violência e Extermínio de Jovens”, reuniu 150 jovens ontem (17), no bairro de Sussuarana.
De acordo com o coordenador do projeto, Sandro Ribeiro, é a terceira vez que a marcha acontece, mas as ações do grupo já têm uma década de existência. “Nosso objetivo é preservar a juventude da comunidade, no qual os jovens se perdem no crime, no tráfico. Eles precisam saber a sua importância para a sociedade e que existem outras possibilidades no futuro deles,” explica Ribeiro.
Segundo o coordenador, o grupo possui inúmeras ações culturais e segue na busca de um futuro melhor para as crianças de sua comunidade. “Temos o Sarau da onça, onde jovens praticam teatro e dança. Grupo Ágape, em que levamos poesias para escolas e coletivos, Hip Hop na onça, festival que completa 10 anos, onde além do festival do Hip Hop, são feitos seminários, além de outras ações,” conta.
O grupo não recebe nenhum tipo de apoio governamental e sobrevive com o trabalho voluntário de homens e mulheres que já sentiram na pele o efeito da violência.
“Todo o nosso trabalho é voluntario, temos alguns parceiros, mas do governo e da prefeitura, não recebemos nada. Falta as pessoas o ensinamento de Deus, que é preciso amar o próximo como a si mesmo. Temos que fazer algo para que eles saibam que não estão sozinhos. E estamos no caminho certo, hoje são mais de 600 jovens que evitaram a marginalidade e que começaram a trilhar um caminho diferente,” disse Ribeiro.
Nomes de jovens como Geovane, Amarildo e Douglas foram escritos em cruzes carregadas durante todo o trajeto. “São casos de periferias distantes, mas muito próximos da gente, que vemos nossos jovens serem exterminados diariamente, seja na bala, seja na discriminação social, seja por não poder entrar na faculdade, por não ter educação de qualidade ou um posto de saúde. Isso acontece em todo o país, acontece lá e acontece aqui, o povo negro é um só, e o povo brasileiro também, estamos aqui por todos os Geovanes e Amarildos que ainda vamos enterrar,” explica coordenador da “Marcha contra a violência e Extermínio de Jovens”, Sandro Ribeiro.
Fonte: Portal Tribuna da Bahia
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