quinta-feira, 30 de outubro de 2014

"The Many Faces of Billie Holiday" - Documentário legendado

"Ninguém canta como eu a palavra 'fome' ou a palavra 'amor'. Sem dúvida porque eu sei o que há por trás destas palavras" Billie Holiday


Negra, pobre, prostituída. A vida instável levada entre entre reformatórios e cabarés, das ruas do Harlem até as casas de espetáculos mais prestigiadas do planeta, entre a pobreza, fome, o sucesso arrebatador e a consolidação como "a melhor de todos os tempos".
Nascida Eleanora Fagan Gough a 15 de abril de 1915, logo no início de vida Billie conheceu os percalços do cotidiano, em uma época difícil em que a população estava dividida e classificada por cor, Billie logo percebeu que era branca demais para ser negra, porém negra demais para ser branca, jamais aceitou ser classificada por sua cor, uma ousadia à época, lutou a vida toda para se impor e pagou um preço alto por isso.
Dona de uma personalidade forte, e uma vida polêmica completamente desregrada cheia de altos e baixos, era manchete todos os dias, queria experimentar tudo, o álcool, as drogas, o amor e o sucesso. Começou a cantar em 1930, após passar fome e receber uma ordem de despejo da casa onde morava com sua mãe. Após o sucesso era a mulher negra com o salário mais alto da América.
Teve um começo, difícil, em uma época imperada pelo racismo passou fome, foi prostituída pela própria mãe, agredida e roubada pelos amantes que teve durante a vida.
Os anos não só forjaram o mito Billie Holiday, como também deixaram marcas na pele e na voz, após os anos 50, a voz antes aguda e pouco expressiva, tornou-se forte, áspera, completamente seca, ganhando uma tonalidade bem mais grave do que antes, cheia de lirismo e expressão. É visível a diferença em sua voz comparada há 10 anos antes, porém, não se trata de uma voz "calejada", há uma vida inteira nessa voz, farta de todas as vivências, alegrias, tristezas, lembranças.
Billie tinha orgulho em dizer que jamais interpretava uma música do mesmo modo duas vezes, e que viveu cada letra cantada, e foi assim, dessa forma cantou a essência do Jazz.
As muitas faces do seu ser fizeram seu cunho, sua imortalidade.
Sempre soube que seria breve, talvez por isso viveu ao extremo, o estilo desregrado, regado sempre a combinações quase letais, fizeram-na companhia nos momentos difíceis.
Uma de suas frases era de que é preciso morrer para fazer sucesso, para ter a devida compreensão.


Hoje não há duvida do seu êxito, morreu há mais de 50 anos, e continua fazendo fãs, arrebatando qualquer um que a ouça com aquela inconfundível voz, devorar e cantar deliciosamente a essência do Jazz.
Morreu em 17 de julho de 1959, aos 44 anos de idade no Metropolitan Hospital, pobre e algemada à uma cama hospitalar, 500 dólares era todo o dinheiro que possuía preso à meia, após o último marido ter lhe tirado o último centavo da conta bancaria.
Em cada canção há uma mistura sutil de diferentes estados de alma. Billie nunca está totalmente alegre, inteiramente amorosa ou completamente abandonada. Sua verdade é bem mais complexa.
- Billie Holiday, 1915 ∞ 1959

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