sábado, 22 de novembro de 2014

Por decreto, Obama beneficia imigrante

Parte das pessoas que vivem nos EUA sem documentos poderão ter permissão de trabalho e estarão livres de deportação

Medida deve atingir 5 milhões de pessoas, a maioria hispânicos; medida é resposta a inação do Congresso

RAUL JUSTE LORES

DE WASHINGTON

O presidente americano Barack Obama anunciou na noite de quinta (20) que assinará decreto presidencial para começar a reformar o sistema imigratório americano, sem consultar o Congresso.

Em pronunciamento televisionado, ele afirmou que quem mora há mais de cinco anos nos EUA e tem filho que seja cidadão americano ou residente legal poderá se registrar, ter os antecedentes criminais checados e pagar "sua justa parte de impostos".

"Você poderá se candidatar para ficar neste país temporariamente, sem medo de deportação", discursou. "Se você cumpre os critérios, pode sair das sombras e estar sob a proteção da lei."

Obama ainda falou que vai facilitar vistos de trabalho para profissionais altamente qualificados "que ajudam a economia deste país quando ficam" e proporcionar mais verba para a segurança da fronteira com México.

Estima-se que haja mais de 11 milhões de imigrantes ilegais nos EUA, a grande maioria de origem hispânica. Obama não citou números, mas analistas estimam que a reforma poderia beneficiar cerca de 5 milhões deles.

A reforma imigratória se tornou um cabo de guerra entre democratas e republicanos nos últimos dez anos.

Republicanos têm pedido mais deportações e investimentos em segurança na fronteira, onde um longo muro já foi construído.

Os democratas, defensores das mudanças, têm grande apoio no eleitorado latino, hoje 10% do total e com forte viés de alta. Apesar disso, no governo Obama, as deportações se multiplicaram.

Na maior parte do discurso, o presidente tentou explicar que estava tomando essa atitude pela inação do Congresso. Acrescentou que não se tratava de dar cidadania ou o direito de ficar no país permanentemente --algo que dependeria do Legislativo.

"A anistia em massa seria injusta, mas a deportação em massa seria impossível e contrária a nosso caráter como nação", disse.

"Somos uma nação que tolera a hipocrisia de um sistema em que trabalhadores que colhem nossas frutas e fazem nossas camas nunca terão direito de se acertar com a lei? Somos uma nação que aceita a crueldade de tirar crianças dos braços de seus pais?"

Ele disse "ouvir as reclamações" de quem acha que uma anistia seria um "passe livre para quem furou a fila" e que muita gente "levou muito tempo e esforço para regularizar sua situação".

Também admitiu que setores da classe média temem concorrência desleal. Obama disse que imigrantes ilegais são mais vulneráveis a receber salários menores.

Sobre a polêmica se estaria excedendo seus direitos legais como presidente, Obama disse que as "ações que estou tomando não são só legais, mas são os tipos de medidas adotadas por presidentes republicanos e democratas no último meio século".

Para a Casa Branca, as medidas não necessitam de aprovação congressual e são prerrogativa do presidente. Mas a oposição ameaça ir à Suprema Corte contra elas.


Fonte: Folha de S. Paulo

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