quinta-feira, 29 de janeiro de 2015

Fabiana, da seleção de vôlei, é vítima de racismo em Minas Gerais

Este não é o primeiro caso de preconceito em partidas da Superliga de vôlei em terras mineiras

POR O GLOBO

Fabiana, da seleção brasileira, foi vítima de
 racismo em Minas Gerais - Alexandre Cassiano 
Agência O Globo
BELO HORIZONTE - Mais um caso de racismo na Superliga de vôlei em Minas Gerais. Jogadora da seleção brasileira e do Sesi-SP, a meio de rede Fabiana alega ter sido chamada de "macaca" por um torcedor na derrota de sua equipe, por 3 sets a 1, contra a Camponesa/Minas, na Arena Minas, na noite da última terça-feira. O jogo foi válido pela 4ª rodada do segundo turno. De acordo com relato da jogadora nas redes sociais, o torcedor foi retirado da arquibancada pelos seguranças da Arena e foi encaminhado para a delegacia.

Em 2012, em Belo Horizonte, o oposto Wallace, também da seleção brasileira, já havia sido vítima de racismo em uma partida de seu time Sada Cruzeiro contra o Vivo/Minas. Torcedores entoavam gritos de "macaco" toda vez que o jogador tocava na bola. O Minas foi pnido em R$ 50 mil.

Em 2011, houve um caso de homofobia em Contagem (MG). Michael atuava pelo Vôlei Futuro contra o Sada Cruzeiro. Torcedores xingaram veementemente o jogador de "bicha". O Vôlei Futuro levou o caso à Justiça Desportiva, mas não houve qualquer tipo de punição.

VEJA O DEPOIMENTO DE FABIANA NAS REDES SOCIAIS:

"Vivenciar isso é difícil e duro! Vivenciar isso na minha terra, torna tudo pior! Ontem durante o jogo contra o Minas, um senhor disparava uma metralhadora de insultos racistas em minha direção. Era macaca quer banana, macaca joga banana, entre outras ofensas. Esse tipo de ignorância me atingiu especialmente, porque meus familiares estavam assistindo a partida. Ele foi prontamente retirado do ginásio pela direção do Minas Tênis Clube e encaminhado à delegacia. Agradeço a atitude do Minas, em não ser conivente com esse absurdo. Clube este, onde comecei a minha história e onde até hoje tenho pessoas queridas. Refleti muito sobre divulgar ou não, mas penso que falar sobre o racismo ajuda a colocar em discussão o mundo em que vivemos e queremos para nossos filhos. Eu não preciso ser respeitada por ser bicampeã olímpica ou por títulos que conquistei, isso é besteira! Eu exijo respeito por ser Fabiana Marcelino Claudino, cidadã, um ser humano. A realidade me mostra que não fui a primeira e nem serei a última a sofrer atos racistas, mas jamais poderia me omitir. Não cabe mais tolerarmos preconceitos em pleno século XXI. A esse senhor, lamento profundamente que ache que as chicotadas que nossos antepassados levaram há séculos, não serviriam hoje para que nunca mais um negro se subjugue à mão pesada de qualquer outra cor de pele. Basta de ódio! Chega de intolerância!"

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