quarta-feira, 25 de fevereiro de 2015

Rejeitado por heterossexuais 'por ser negro demais', menino é adotado por casal gay

por Brasil Post

O jornalista Gilberto Scofield Jr e seu companheiro, Rodrigo Barbosa, adotaram há quatro meses um menino de quatro anos. Em carta publicada no blog Ser mãe é padecer na internet, do portal Estadão, Scofield falou sobre o processo de adoção e os desafios da paternidade.

Filho de pais alcoólatras, o menino PH vivia em um abrigo na cidade de Capelinha (MG) desde que sua mãe morreu e o pai não quis ficar com ele. Segundo Scofield, antes de ser adotado, ele foi rejeitado por outros três casais heterossexuais, que alegaram que PH era "feio" ou "negro demais".

De quebra, Scofield mandou um recado para o presidente da Câmara dos Deputados e defensor do Estatuto da Família, Eduardo Cunha (PMDB-RJ):

"Não, deputado Eduardo Cunha. A paternidade virtuosa não é um monopólio da heterossexualidade. E caso a sua religião não pregue a tolerância, preste atenção num fato muito simples: toda a criança adotada por um casal de gays ou de lésbicas foi abandonada/espancada/negligenciada por um casal heterossexual, esse mesmo que o senhor julga serem os únicos capazes de criar filhos 'normais'."

Segundo dados de 2013 do CNA (Cadastro Nacional de Adoção), existem hoje 5.400 crianças e jovens para adoção no Brasil - 80% delas têm idade acima de nove anos. Apesar da resistência à crianças negras ter caído nos últimos anos, 29% dos interessados em adotar só aceitam crianças brancas. Outros 42,5% são indiferentes.

Rodrigo Barbosa com Gilberto Scofield Jr. (pelo Facebook)

PH sentia falta de uma figura feminina quando chegou aqui. Ele sempre perguntava se tinha mãe. É claro que a expectativa de quem sai de um abrigo envolve uma figura materna e isso deve ser assunto entre as crianças que sonham um dia sair dali.

De umas semanas pra cá isso passou.

Hoje pela manhã, assisindo a um filme na TV, vimos juntos a cena de uma menina meio triste tocando piano.

"Ela 'tá' sozinha, papai. 'Tá' querendo chorar".

Nisso aparece um esquilo descendo de uma árvore em direção à menina e ele diz: "Pronto. Agora ela vai ficar feliz. Ele vai ser o papai dela".
...
Criança ensina muito, amigos. Em nenhum momento ele disse que o esquilo seria a 'mamãe' da menina. E nem questionou se um esquilo pode ser o pai da menina.

A configuração da família moderna é baseada em relações de amor. Tem amor de verdade? Chame isso de família.

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