terça-feira, 10 de fevereiro de 2015

Sagrado Marfim - Premiado trabalho fotojornalístico denuncia um comércio proibido e sustentado por estados e religiões

Guarda-florestal retirando a presa de um elefante abatido no Amboseli National Park, Quênia. O marfim foi salvo dos contrabandistas. O elefante, como podem ver, não teve esta sorte.

Desde a proibição do comércio internacional de marfim, em 1989, centenas de milhares de elefantes foram abatidos e milhões de dólares foram negociados em virtude desta exploração ilegal.

O curioso é que um grande mercado explorador de marfim tem escapado das críticas: a religião. Católicos, budistas, muçulmanos, entre outras crenças, manifestam sua fé por meio de artefatos de marfim. Estes ícones são abençoados por monges e padres e presenteados entre chefes de Estado. Jamais algum chefe de tráfico de marfim foi pego e incriminado, o que mantém este comércio secular inabalável. Cada item de marfim comprado representa um elefante morto.

O fotojornalista Brent Stirton, da National Geographic, trabalhou com o jornalista Bryan Christy, da agência Getty, durante três anos. O trabalho fotojornalístico recentemente recebeu um prêmio no 49º Wildlife Photographer of the Year, na categoria Wildlife Photojournalist. Brent e Bryan percorreram países da África e da Ásia para retratar o comércio ilegal, os abatimentos, colecionadores de marfim e religiosos que ostentam os objetos como ícones sagrados. A reportagem foi veiculada em outubro de 2012, no site da National Geographic.

Para combater este mercado negro e proteger os elefantes, há o Kenya Wildlife Service (KWS), mas pouquíssimos recursos são destinados ao serviço, o que torna impossível diminuir o ritmo dos caçadores. A população de elefantes africanos está em torno de 500 a 700 mil e os abatimentos ultrapassam o número de 25 mil ao ano. Já a população de elefantes asiáticos não passam de 50 mil.

Abaixo algumas das fotos feitas por Brent Stirton:


Um dos maiores ataques da história. Mais de 300 elefantes foram mortos com granadas e tiros de AK-47. A carnificina aconteceu no Bouba Ndjidah National Park, em Camarões.
Trabalhadora na maior fábrica de esculturas de Marfim, na China. Em 2008, o país comprou 73 toneladas de marfim da África.
A Tailândia é suspeita de ser o principal caminho de tráfico de marfim entre a África e a China. São objetos sagrados e utilizados por budistas.
Marcial Bernales faz esculturas de marfim há 45 anos nas Filipinas. Já esculpiu centenas de objetos, todos de cunho religioso.
“Eu não vejo um elefante, eu vejo o Senhor”, diz um filipino colecionador de ícones religiosos de marfim.
O maior crucifixo de marfim das Filipinas, pendurado em um museu em Manila. A escultura, com 30 centímetros de comprimento, foi esculpida a partir de uma única presa. A peça data do início dos anos 1600, quando galeões espanhóis começaram a trazer artesanato de marfim da Ásia para a Espanha e para o Novo Mundo.
Uma apreensão de contrabando de Marfim, no Quênia. Presas pequenas significam que elefantes jovens foram mortos.
Elefantes em Tsavo, Quênia.
Uma única presa pode ser vendida no mercado negro por até 6 mil dólares. O suficiente para sustentar um queniano durante 10 anos.

Fonte: Laparola

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