Uma cantora cabo-verdiana, Isa Pereira, disse, quinta-feira, ter sido vítima de prisão arbitrária, racismo e tortura nos Estados Unidos. Revelou ainda que lhe havia sido negada, a 06 de fevereiro corrente, a entrada nos Estados Unidos, apesar de ser portadora dum visto de entrada que constava do seu passaporte.
No Verdade
Num relato feito na edição online do jornal cabo-verdiano “A Semana”, Isa Pereira, uma conhecida intérprete da nova vaga da musica cabo-verdiana, disse ter sido presa durante sete dias na cadeia Suffolk County House of Correction, em Boston, nós Estados Unidos, antes de ser deportada para Cabo Verde.
A cantora, que regressava ao EUA para dar continuidade a um curso de canto que já vinha tirando em Nova Iorque, diz ter estado algemada e passado vários dias sem comer durante a sua detenção à sua chegada a Boston, proveniente da cidade da Praia.
A denúncia de Isa Pereira, relativa dando a momentos dramáticos que viveu e que, segundo ela, indiciam “abuso de racismo e atentado aos direitos humanos” por parte de autoridades policiais e presidiárias norte-americanas, está a ter grande repercussão tanto em Cabo Verde como noutras partes do mundo, uma vez que a situação terá resultado dum erro de agentes policiais norte-americanos, constatou-se no aeroporto de Boston.
Sexta-feira última, o primeiro-ministro cabo-verdiano, José Maria Neves, que recebeu a cantora em audiência, disse ter notado “um sentimento de muita dor e sofrimento na voz da Isa Pereira”. Em declarações à imprensa, o primeiro-ministro garantiu que Isa Pereira tem toda a solidariedade e amizade do Governo.
José Maria Neves anunciou ter já dado indicações aos serviços do Ministério das Relações Exteriores, bem como ao Consulado em Boston e na Embaixada em Washington, a capital dos Estados Unidos, para recolherem todos os dados relativamente a este caso ao qual se referiu como um “incidente”.
O Governo espera agora um “relatório detalhado” para que possa, a partir dos dados, tomar “de forma segura, as medidas que se mostrarem cabíveis”, afiançou o primeiro-ministro sem deixar de sublinhar que “se trata de uma questão delicada”.
“Recebi um grande sentido de solidariedade”, expressou a cantora à saída do encontro com o chefe do Governo cabo-verdiano.
Questionada se tiver que ir em viagem pelos Estados Unidos, Isa Pereira disse que “sou uma cidadã do mundo. Se tiver que voltar, volto com a cabeça erguida”. Entretanto, o embaixador norte-americano em Cabo Verde, Donald Heflin, emitiu uma declaração, lamentando “o infeliz incidente ocorrido” com Isa Pereira.
Na nota, o diploma americano diz que “o Departamento de Estado americano tem-se esforçado para facilitar viagens legítimas a todos os que requerem vistos de entrada nos Estados Unidos”. “Porém, por imperativo legal, não nos é permitido discutir os detalhes dos casos de vistos individuais, pois, no âmbito da Seção 222 (f) da Lei de Imigração e Nacionalidade (INA), os registos de visto são confidenciais”, frisou.
Assim, acrescenta a nota, “para qualquer questão relacionada com a detenção da senhora. Pereira, deve ser contactado o Departamento de Segurança Interna dos Estados Unidos”. Donald Heflin disse ainda que “a Embaixada (do seu país) está aberta para organizar um encontro com artistas e intérpretes cabo-verdianos a fim de explicar todos os detalhes relacionados com as normas e regulamentos para a obtenção de vistos”.
Isa Pereira foi a artista convidada para cantar no encerramento da Semana da Juventude de Verão das Nações Unidas decorrida a 08 de agosto de 2014 em Nova Iorque. Na altura, a cantora aproveitou a oportunidade para fazer a divulgação da “morna”, género musical cabo-verdiano, candidato a Património Imaterial da Humanidade.
Isa Iolanda Brito Pereira nasceu a 16 de agosto de 1974 em Lisboa (Portugal), mas é de nacionalidade Cabo-verdiana por ser filha de pais cabo-verdianos. Ela reside habitualmente na cidade da Praia mas, em 2013, passou a viver em Nova Iorque, onde foi selecionada para ingressar no Studio New York Vocal Coaching, uma conceituada escola de canto procurada por artistas de Brodway.
Em finais de julho do ano transato, celebrou o Dia da Mulher Africana em grande com um concerto no Babylon Soho Lounge, nós Estados Unidos.
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