terça-feira, 14 de abril de 2015

Kurt Klagsbrunn, um fotógrafo humanista no Rio (1940-1960)

O casal numa gafieira em 1948 (Foto: Divulgação/MAR)
Exposições do MAR mostram em fotos as singularidades do Rio

Na mostra, Klagsbrunn, que retratou desde a gafieira até o Jockey Club.

Fotos que estão em instituições francesas também estarão expostas.

O Museu de Arte do Rio (MAR) abre na terça-feira (14) duas exposições de fotografias em comemoração aos 450 anos do Rio. A exposição “Kurt Klagsbrunn, um fotógrafo humanista no Rio (1940-1960)” reúne trabalhos do artista austríaco realizados no Rio de Janeiro. São cerca de 200 fotografias de um total de mais de 100 mil registros feitos por ele na cidade. Klagsbrunn pode ser considerado tão importante como Augusto Malta e Marc Ferrez na documentação do Rio.

Baile de carnaval no Teatro Municipal em 1949
(Foto: Divulgação/MAR)

Lavadeira em Ricardo de Albuquerque em 1949
(Foto: Divulgação/MAR)

De ascendência judaica, Klagsbrunn, que nasceu em 1918 e morreu em 2005, chegou em 1939 ao Rio como refugiado do nazismo e descobriu sua vocação para a fotografia. Tornou-se um dos maiores intérpretes do Rio de Janeiro, captando as singularidades da sociedade carioca daquele período.

Com uma câmera Rolleiflex, Klagsbrunn retratou cenas corriqueiras, do cafezinho no balcão ao glamour das corridas no Jockey Club, e personagens que vão do engraxate e do vendedor ambulante a personalidades internacionais (como cineasta americano Orson Welles durante sua marcante passagem pela cidade, em 1942). 

“Uma das características do Kurt é a relação muito amorosa com o Rio de Janeiro. E essa amorosidade solidária também passava por uma dimensão crítica. Ao mesmo tempo que, para sobreviver, fazia fotos da alta sociedade, ele também observou muito a vida difícil das pessoas comuns – a lata d’água, a falta de transporte, a moradia precária. Klagsbrunn produz a imagem de uma cidade com alma, com suas contradições, perversidades e encantos”, disse Paulo Herkenhoff, diretor cultural do MAR e um dos curadores da exposição.

Klagsbrunn também se debruçou sobre a cultura afro-carioca numa época em que havia forte repressão ao samba, ao candomblé e à capoeira, e sobre as crianças, mostrando sua inocência num país que não lhes dava educação e saúde. Mas sua fotografia não explorada a miséria: o foco sempre foi a construção do futuro do país.

Com coordenação do casal Marta e Victor Hugo Klagsbrunn, sobrinho do fotógrafo, a exposição tem curadoria de Marcia Melo, Suzane Worcman e Paulo Herkenhoff, ficando em cartaz entre 14 de abril e 9 de agosto.

No dia da abertura, às 11h, acontece uma Conversa de Galeria com a participação dos curadores. 

Elegância no Jockey Club em 1945 (Foto: Divulgação/MAR)

'Rio - Uma paixão francesa'
Fotografias e vídeos que retratam o Rio de Janeiro por ângulos originais e que pertencem a respeitadas instituições francesas como Centre Georges Pompidou, Maison Européenne de la Photographie (MEP), Société Française de la Photographie e Musée Nièpce, poderão ser vistas no Museu de Arte do Rio (MAR) a partir de terça-feira (14).

A mostra “Rio – Uma paixão francesa” tem uma uma seleção de 75 fotografias e vídeos com registros feitos por artistas como os brasileiros Marc Ferrez, Augusto Malta, José Oiticica, Alberto Ferreira e Rogério Reis, os franceses Raymond Depardon e Vicent Rosenblatt, o marroquino Bruno Barbey e o romeno Ghérasim Luca, entre outros nomes da fotografia do século 19 aos dias de hoje.

A exposição abre a programação oficial do FotoRio 2015 e tem a curadoria assinada por Jean-Luc Monterosso e Milton Guran, com curadoria-adjunta de Cristianne Rodrigues. Resultado de dois anos de pesquisa, a mostra é dividida em quatro núcleos – Histórico, Modernista, Contemporâneo e Documental – que apresentam ao público imagens raras, obras emblemáticas e o olhar do estrangeiro sobre cenas do cotidiano carioca.

Pausa para o café. Minas Gerais, 1947.
“Até a Segunda Guerra Mundial, o Rio ficava atrás apenas de Paris entre as cidades mais fotografadas do mundo. Isso se deu, em parte, em função de suas belezas naturais e do exotismo, em relação aos padrões europeus, da civilização que aqui se desenvolvia, mas também devido ao apoio do governo imperial. A França, como pátria da fotografia, foi destinatária de uma seleção expressiva dessa produção. Ao longo do século seguinte, embora por outros caminhos, importantes autores que documentaram o Rio entraram nas coleções de museus públicos franceses”, explicou Milton Guran.

No dia da abertura, às 15h, acontece uma Conversa de Galeria com a participação de Milton Guran, Cristianne Rodrigues, Rogério Reis e Bruno Barbey. Na quinta (16), às 15h, é a vez de Jean-Luc Monterosso falar com o público.

Foto de Rogério Reis, da série 'Surfistas de trem', do acervo da Maison Europénne de la Photographie (Foto: Divulgação/MAR)

Serviço
De 14 de abril e 9 de agosto.
De terça a domingo, das 10h às 17h.
Ingresso R$ 8 e R$ 4 (meia-entrada para pessoas com até 21 anos, estudantes de escolas particulares, universitários, pessoas com deficiência e servidores públicos do Rio).
Não pagam entrada alunos da rede pública, crianças com até 5 anos ou pessoas a partir de 60, professores da rede pública, funcionários de museus, grupos em situação de vulnerabilidade social em visita educativa, vizinhos do MAR e guias de turismo.
Às terças-feiras a entrada é gratuita.
Às segundas o museu fecha ao público.
(21) 3031-2741
www.museudeartedorio.org.br
Praça Mauá 5, Centro.

Foto de Bruno Barbey, Rio, carnaval, 1980, coleção particular (Foto: Divulgação/MAR)

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