terça-feira, 21 de abril de 2015

"Sonho que se sonha só é só um sonho...."

Sonho realizado: JK inaugura a nova capital do Brasil

Considerada síntese do Plano de Metas do governo, construção da capital representou um salto do Brasil rumo à posição de nação desenvolvida.

Fotos: Acervo público do DF


Juscelino no local onde mais tarde foi construído o Catetinho

A história do mandato do vigésimo primeiro presidente do Brasil, Juscelino Kubitschek, está ligada de tal maneira à construção da capital do país, que estes dois acontecimentos acabam por se unificar no imaginário cultural dos brasileiros, tornando impossível fazer menção a um sem lembrar imediatamente do outro. Mais do que um dos bons momentos em sua gestão, Brasília foi, sem dúvidas, o marco definitivo da carreira política de JK. 

Ainda nos tempos de campanha presidencial, Kubitschek abraçou a ideia de levar a sede de governo para o interior do país, tal qual determinava a Constituição Federal desde o ano de 1891. O documento, inclusive, já trazia especificado o local destinado à instalação da capital – uma área de 14.400 km² localizada no Planalto Central. Tem-se notícia de que durante o seu primeiro comício, ocorrido em 4 de abril de 1955, na cidade de Jataí (GO), Juscelino foi questionado por um eleitor se pretendia interiorizar o governo federal. Ele respondeu afirmativamente.


As obras tiveram início ainda no primeiro ano do mandato do presidente, apenas nove meses após a sua posse, no dia 31 de janeiro de 1956. Depois de criar a Companhia Urbanizadora da Nova Capital Federal (Novacap), em setembro daquele mesmo ano, JK viajou pela primeira vez ao local que abrigaria, dali a quatro anos, a sede do governo federal. Naquela época tudo o que havia na área, além da vastidão do cerrado, era uma pista de pouso improvisada.


A primeira construção a ser concluída no imenso canteiro de obras que compreendia os municípios goianos de Planaltina, Luziâna e Formosa foi o Catetinho. A estrutura foi erguida em apenas dez dias (entre 22 a 31 de outubro de 1956) e servia como base provisória do governo, um local onde o presidente podia se instalar enquanto acompanhava de perto o desenvolvimento dos trabalhos de limpeza de terreno e terraplanagem no local. Juscelino Kubitschek viajava para visitar as obras da capital pelo menos três vezes por semana.

Segundo relembra o primo de JK, Cássio Murilo, quando viajava rumo ao Planalto Central, o presidente saia do Rio de janeiro por volta das 8h da noite e aproveitava para percorrer durante algumas horas, em seu teco-teco, toda a extensão das construções. Juscelino tinha prazer especial em motivar os operários a continuar com o rítimo acelerado de trabalho, tamanho era seu de desejo de ver concluída a construção da capital ainda no seu mandato. O avião presidencial, durante inúmeros momentos, fez as vezes de escritório do presidente e, em algumas ocasiões, também foi o dormitório de JK.

Fatos inusitados também marcaram os primórdios da cidade, como a visita de Tom Jobim e Vinícius de Morais ao local, para compor a Sinfônia de Brasília. "Devido a uma pane elétrica em decorrência da chuvas, os refrigeradores não produziam gelo, e na época fazia muito calor. Até que começou a chover granizo, e as pedras foram usadas para gelar o wisky dos visitantes", contou Cássio Murilo.


Em três de maio de 1957 a primeira missa foi celebrada na futura capital nacional. A cerimônia, comandada pelo arcebispo de São Paulo, Dom Carmelo Motta, contou com a presença de diversas autoridades. Na ocasião, os fiéis se reuniram em uma estrutura criada a partir de um projeto de Oscar Niemeyer. O arquiteto foi, juntamente com Lúcio Costa, o grande responsável pelo toque de arrojo e modernidade que Brasília sustenta até os dias de hoje.


Como chefe do Departamento de Urbanística e Arquitetura do projeto da nova capital, Niemeyer realizou um concurso público para o plano piloto de Brasília no ano de 1957. O projeto vencedor foi o apresentado por Lúcio Costa. Niemeyer, portanto, ficou com a função de projetar os edifícios governamentais da nova capital e Costa, por sua vez, foi responsável pelo desenvolvimento do projeto urbanístico. O plano da cidade, que popularmente é comparado ao formato de um avião, teria sido inspirado no sinal da cruz. 


Com passar dos meses mais e mais operários chegavam ao local das construções em busca de emprego e novas oportunidades. O contingente de trabalhadores que em 1957 chegava a 2.500 homens saltou para 65 mil em apenas dois anos. Os candangos, como ficaram conhecidos os empregados, moravam em tendas e barracos no meio do Planalto Central e trabalhavam cerca de 14 por dias para receber um salário que nem sempre lhes garantia conforto. O horário de serviço era divido entre os turnos matutino vespertino e noturno, de modo que a obra nunca parasse de se desenvolver.

Os locais habitados pelos funcionários da Novacap deveriam ser demolidos com o final das construções, entretanto, isso não aconteceu e eles acabaram por se tornar o embrião das grandes massas populacionais que atualmente vivem nas cidades satélites.


Após 41 meses de trabalho ininterrupto Brasília foi concluída. A inauguração oficial ocorreu no dia 21 de abril de 1960. Considerada a meta síntese do Plano de Metas do governo de JK – que pregava a notória máxima “crescer 50 anos em cinco” com investimentos estratégicos nas áreas de energia, transporte, indústrias de base, alimentação e educação – , a construção da capital representou um grande salto do Brasil rumo a posição de nação desenvolvida.


No âmbito político a consolidação da interiorização do governo representou a centralização do poder da administração federal. No que diz respeito à economia, a mudança simbolizou a condução do desenvolvimento econômico para o centro do país, que até este momento sofria com falta de políticas que promovessem o incremento de atividades econômicas na área.



Com informações de: No Minuto / Congresso em Foco

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