segunda-feira, 25 de maio de 2015

A próxima década vai decidir como será o mundo por milhares de décadas no futuro


Os próximos dez anos serão decisivos no que diz respeito ao futuro do planeta - o que fizermos (ou deixarmos de fazer) vai ter consequências de longo prazo.

Se pusermos as mãos à obra, a década pode ser aquela em que o uso de combustíveis fósseis chegou ao ápice, começando um rápido declínio. Construímos um movimento que, por enquanto, começa a limitar o uso desses combustíveis: das areias betuminosas de Alberta às (ainda não construídas) gigantes novas minas da Bacia da Galiléia, na Austrália, as grandes empresas de carvão, gás e petróleo estão incomodadas e surpresas com uma nova espécie de ativista. Elas estão perdendo no front da imagem: quando a família Rockefeller, a Igreja Anglicana e o príncipe Charles começam a vender suas ações de combustíveis fósseis, você sabe que a maré está virando.

Com isso vem uma chance repentina de substituir os combustíveis fósseis de maneira rápida e relativamente fácil. O preço dos paineis solares vem caindo com uma bigorna de um arranha-céu, despencando 75% nos últimos seis anos. Repentinamente, as energias renováveis são mais baratas, ou têm o mesmo preço, dos combustíveis tradicionais, mesmo antes de você fazer as contas do custo monetário insano do aquecimento global. Em Bangladesh, estão instalando paineis solares em 60 000 cabanas por mês; o país inteiro pode estar coberto em 2020.

Essa mudança é rápida, mas pode não ser rápida o suficiente para parar o aquecimento global - já vimos mudanças drásticas, como pode atestar quem vive a seca da Califórnia. Vamos continuar vendo recordes (como 2014, como 2015, e assim por diante). Vamos ter de lidar com enchentes recorde. O oceano vai ficar mais ácido. Mas, se realmente nos esforçarmos nessa transição, talvez evitemos um problema que envolva a sobrevivência da nossa civilização.

Ou, é claro, podemos mudar devagar, como querem os irmãos Koch (e a maioria dos líderes políticos, a propósito). Poderíamos não fazer nada além do normal, e esperar três ou quatro décadas até que a energia solar substitua os combustíveis solares. Incomodaria pouca gente no curto prazo.

No longo prazo, porém, estaríamos condenados a quatro ou cinco graus Celsius de aquecimento global, de acordo com a maioria dos modelos computadorizados - o suficiente para tirar o mundo dos ritmos do Holoceno, o suficiente para colocar em dúvida nossa capacidade de ter comida ou água para todos.

A próxima década é decisiva porque a trajetória é muito importante; se fizermos uma curva agora, podemos fazer o carro derrapar e parar com as rodas da frente penduradas no precipício. Mas, se continuarmos no caminho atual por mais alguns anos, está claro que vamos sair voando - é o que acontece quando o Ártico começa a derreter de verdade, liberando nuvens de metano.

Portanto, não é exagero dizer que a próxima década vai decidir como será o planeta nos milhares de décadas seguintes. Todos estaremos sentados na primeira fileira - mas também podemos ser atores. Basta fazer algo a respeito.

Este post é parte de uma série que comemora os 10 anos de HuffPost através das opiniões de especialistas que olham para a próxima década em suas respectivas áreas. Leia aqui todos os posts da série.

Fonte: Brasil Post

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