quarta-feira, 24 de junho de 2015

Leci condena ataques de intolerância e pede por respeito e igualdade




Atos de intolerância ocorreram no país nos últimos dias. A menina candomblecista, Kaylane, foi agredida com pedradas após um culto. Outros casos, como o do médium Gilberto Arruda, que foi encontrado morto na última quinta-feira (18), e o vandalismo no túmulo de Chico Xavier, estão sendo tratados como supostos crimes de intolerância. A deputada estadual Leci Brandão (PCdoB-SP), em entrevista ao Portal Vermelho, comenta sobre o preconceito contra as religiões de matrizes africanas.


Leci diz que está “indignada” com os últimos acontecimentos de intolerância. “O poder público tem que tomar uma atitude para desmistificar e quebrar preconceitos, por exemplo, mostrar na TV a religião de matriz africana, sua importância e seriedade. Se existem canais que que reproduzem a fé Católica e Evangélica, qual o motivo de não reproduzirem a Umbanda e o Candomblé? Precisamos de igualdade para acabar com tal absurdo”, afirma.

“Ando de branco toda a sexta-feira, um direito nosso”

A deputada e também compositora e sambista considera gravíssimo o ato de violência cometido contra Kaylane, “uma menina de 11 anos que poderia ter sido morta por usar branco e acreditar em um orixá. Eu, Leci Brandão, ando de branco toda sexta-feira, dia de Oxalá, todos os meus trabalhos musicais, desde 1985, fazem saudações para um Orixá na última faixa e na Assembleia Legislativa de São Paulo (Alesp) faço a defesa da religião de matriz africana, pois meu mandato cumpre também o papel de desfazer preconceitos e dar voz as minorias”.

O cenário político reacionário e o reflexo na sociedade

Quando indagada sobre a influência dos parlamentares na sociedade, Leci é categórica em afirmar que existe e a responsabilidade é muito grande: “nunca vi um Congresso Nacional tão reacionário, com ataques às religiões alheias e o mínimo de respeito no estado laico que é um direito constitucional. Os parlamentares pautam o país e tais atitudes são muitos sérias”.

Intolerância Religiosa é crime

Desde 1989, o ato de discriminação, preconceito de raça, cor, etnia, religião são considerados crimes no Brasil. A Lei nº 7.716, pune o infrator com reclusão de dois a cinco anos e multa. Como exemplo de punição, a emissora de telvisão Rede Bandeirantes foi obrigado a divulgar um vídeo sobre a pluralidade religiosa, após o apresentador Datena fazer comentários desairosos sobre ateus no programa “Brasil Urgente”.

Assista ao vídeo abaixo:


Para denunciar o agressor, a vítima pode ligar para o disque 100, canal direto com a secretaria de Direitos Humanos, ou procurar uma delegacia mais próxima e registrar um Boletim de Ocorrência. Em caso de agressão física, como ocorreu com a menina Kaylane, a vítima deve fazer um exame de corpo de delito para comprovar o ato de violência.

A secretaria de Direitos Humanos revela que o Disque 100 recebeu em 2014 149 novas denúncias de discriminação religiosa. Em 2013, foram registradas 228 notificações. A região que concentra o maior número de denúncias no país é o Sudeste, com 19,46% em São Paulo e 19,46% no Rio de Janeiro.
Comparando as porcentagens, houve uma queda em relação ao ano de 2013. Apesar da redução, os números comprovam que, o preconceito e a intolerância, permanecem e o caminho para a paz e diálogo entre as religiões ainda é um desafio para a sociedade brasileira.

Por Laís Gouveia, do Vermelho

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