A manifestação acontece uma semana depois de a menina Kayllane Campos, de 11 anos, ter sido atingida na cabeça por uma pedrada quando deixava uma festa de candomblé no bairro
RIO - Por volta das 10h da manhã deste domingo, centenas de fiéis e representantes de diferentes credos se reuniram na praça do Largo do Bicão, na Vila da Penha, Zona Norte do Rio, para um ato contra a intolerância religiosa no país. A manifestação acontece uma semana depois de a menina Kayllane Campos, de 11 anos, ter sido atingida na cabeça por uma pedrada quando deixava uma festa de candomblé no bairro.Estiveram presentes no ato líderes das igrejas Católica, Evangélica e Batista, entre outras, além de representantes das religiões africanas. Os deputados federais Chico Alencar (PSOL-RJ) e pastor Ezequiel Teixeira (Solidariedade-RJ), e a secretária do Estado, Assistência Social e Direitos Humanos, Teresa Cristina Cosentino, também participaram da manifestação, que contou com a realização de orações e cantos de diversas religiões.
Acompanhada da avó Kátia Marinho, e da mãe, Karina Coelho, Kayllane chegou ao ato pouco após o seu início, e disse perdoar o seu agressor, ressaltando que a violência não perturbou o amor à sua religião.
— Esse susto não abala a minha fé, ela vai sempre continuar — afirmou a jovem
Para a avó de Kayllane, a violência contra a neta, e a comoção causada por ela, serviu para reforçar que "somos todos iguais":
— Isso foi para provar que somos todos iguais, cada um com a sua religião. Claro que as religiões africanas costumam ser o alvo principal da intolerância, mas é algo que afeta a todos. O que queremos é respeito para todos, independentemente da sua religião — disse ela, cuja filha, Karina, é evangélica.
Interlocutor da Comissão de Combate à Intolerância Religiosa, o babalaô Ivanir dos Santos disse que a agressão contra Kayllane é corriqueira em diversos locais do Brasil, reforçou a importância da punição dos responsáveis e clamou por uma postura do governo federal a respeito desse tipo de violência:
— Isso é algo que ocorre todos os dias nesse país com membros das religiões africanas. A diferença no caso dela é que a agressão aconteceu em uma via pública. Mas casos semelhantes, que considero um tipo de fascismo, são frequentes em escolas, centros religiosos e outros lugares, e não vêm a público. É preciso encontrar os culpados da agressão e, mais do que isso, descobrir a qual igreja pertencem, porque este tipo de ódio costuma ser incutido nas pessoas — afirmou o babalaô. — Por isso, também é preciso que o governo federal estabeleça um plano nacional de combate à intolerância religiosa, algo que é nossa bandeira há anos.
O babalaô informou que o ministro dos Direitos Humanos, Pepe Vargas, virá ao Rio de Janeiro para participar de uma audiência pública sobre o tema, e criticou algumas lideranças evangélicas que se recusam em dialogar sobre a questão.
— Na reunião com o ministro nesta semana pediremos novamente por um plano nacional de combate à intolerância religiosa ao governo federal. Agora, tão importante quanto isso, é que algumas lideranças evangélicas também aceitem o diálogo sobre o assunto, o que não tem acontecido. Já tentamos dialogar com o pastor Silas Malafaia sobre o tema e não tivemos sucesso, por exemplo — afirmou Ivanir dos Santos.
O Globo/Thiago Jansen
RIO - Por volta das 10h da manhã deste domingo, centenas de fiéis e representantes de diferentes credos se reuniram na praça do Largo do Bicão, na Vila da Penha, Zona Norte do Rio, para um ato contra a intolerância religiosa no país. A manifestação acontece uma semana depois de a menina Kayllane Campos, de 11 anos, ter sido atingida na cabeça por uma pedrada quando deixava uma festa de candomblé no bairro.Estiveram presentes no ato líderes das igrejas Católica, Evangélica e Batista, entre outras, além de representantes das religiões africanas. Os deputados federais Chico Alencar (PSOL-RJ) e pastor Ezequiel Teixeira (Solidariedade-RJ), e a secretária do Estado, Assistência Social e Direitos Humanos, Teresa Cristina Cosentino, também participaram da manifestação, que contou com a realização de orações e cantos de diversas religiões.
Acompanhada da avó Kátia Marinho, e da mãe, Karina Coelho, Kayllane chegou ao ato pouco após o seu início, e disse perdoar o seu agressor, ressaltando que a violência não perturbou o amor à sua religião.
— Esse susto não abala a minha fé, ela vai sempre continuar — afirmou a jovem
Para a avó de Kayllane, a violência contra a neta, e a comoção causada por ela, serviu para reforçar que "somos todos iguais":
— Isso foi para provar que somos todos iguais, cada um com a sua religião. Claro que as religiões africanas costumam ser o alvo principal da intolerância, mas é algo que afeta a todos. O que queremos é respeito para todos, independentemente da sua religião — disse ela, cuja filha, Karina, é evangélica.
Interlocutor da Comissão de Combate à Intolerância Religiosa, o babalaô Ivanir dos Santos disse que a agressão contra Kayllane é corriqueira em diversos locais do Brasil, reforçou a importância da punição dos responsáveis e clamou por uma postura do governo federal a respeito desse tipo de violência:
— Isso é algo que ocorre todos os dias nesse país com membros das religiões africanas. A diferença no caso dela é que a agressão aconteceu em uma via pública. Mas casos semelhantes, que considero um tipo de fascismo, são frequentes em escolas, centros religiosos e outros lugares, e não vêm a público. É preciso encontrar os culpados da agressão e, mais do que isso, descobrir a qual igreja pertencem, porque este tipo de ódio costuma ser incutido nas pessoas — afirmou o babalaô. — Por isso, também é preciso que o governo federal estabeleça um plano nacional de combate à intolerância religiosa, algo que é nossa bandeira há anos.
O babalaô informou que o ministro dos Direitos Humanos, Pepe Vargas, virá ao Rio de Janeiro para participar de uma audiência pública sobre o tema, e criticou algumas lideranças evangélicas que se recusam em dialogar sobre a questão.
— Na reunião com o ministro nesta semana pediremos novamente por um plano nacional de combate à intolerância religiosa ao governo federal. Agora, tão importante quanto isso, é que algumas lideranças evangélicas também aceitem o diálogo sobre o assunto, o que não tem acontecido. Já tentamos dialogar com o pastor Silas Malafaia sobre o tema e não tivemos sucesso, por exemplo — afirmou Ivanir dos Santos.
O Globo/Thiago Jansen
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