terça-feira, 9 de junho de 2015

Projeto ‘Pérolas Negras’ empodera meninas negras em Viçosa (MG)



Empoderar meninas negras brincando com o cabelo de uma forma que elas gostem. Foi essa a forma escolhida pelo projeto ‘Pérolas Negras’, ligado à Casa Cultural do Morro, Organização Não-Governamental sediada em Viçosa (MG), para combater o racismo. O projeto começou em junho de 2013 e já atendeu dezenas de meninas com idades entre 7 e 15 anos, no Bairro Sagrado Coração de Jesus, conhecido como Rebenta Rabicho.
“O Pérolas Negras surgiu dentro da Casa Cultural do Morro. Essa questão de observar as crianças, de como elas se tratavam, como elas tratavam o corpo delas. Eu me via nas meninas, na verdade. Naquela época da escola. E nesse período eu já estava pensando em deixar o cabelo natural. Aí eu comecei a ver, eu passava por isso (preconceito).”, lembra Raissa Rosa, 24 anos, fundadora e coordenadora do Pérolas Negras (foto abaixo).


Um dia depois do início do projeto, Raissa decidiu cortar o cabelo, para ficar mais natural. “Falei assim, vamos lá, Raissa. Você vai falar de questão de mulher negra e o seu cabelo não está nem natural?”.

Mas, o que o Pérolas Negras faz não é só brincadeira. É o que essa brincadeira significa, lembra a fotógrafa do Pérolas Negras, Camila Christian, 22 anos. Significa empoderar as meninas e prepará-las para enfrentar o racismo.

Raissa e Camila dizem que aprenderam muito nesses dois anos de projeto. O Pérolas Negras é como uma escola, onde aprendem com as meninas todos os dias. “Eu aprendi até a ter paciência com as meninas. Tipo uma faculdade mesmo, a gente foi entrando sem saber nada e quando foi vendo”, diz Raissa.

O Pérolas Negras realiza oficinas de confecção de turbantes, maquiagens e rodas de conversa em escolas públicas urbanas e da zona rural resgatando os valores da cultura negra. “É sempre a mesma história. As meninas tristes, com o cabelo preso, se chando feias, e aí, no final (da oficina), elas estão se achando lindas, maravilhosas”, conta Camila.





O papel da mulher negra

Perguntadas sobre o papel da mulher negra na sociedade, Raissa e Camila disseram que é subverter todos os papéis que foram atribuídos a ela ao longo da história.

“Pensar qual é o papel da mulher negra hoje é subverter todos os papéis que foram atribuídos a ela à vida toda, aqui no Brasil principalmente, né? E qual que foi o papel da mulher negra? Era ama de leite, cozinheira… E continua ocupando esses espaços hoje. O papel das mulheres negras é empoderar outras mulheres negras pra gente conseguir sair dessa situação. Sabe o que eu percebo? Basta você ter disposição para empoderar”, defende Camila, que planeja fazer o seu TCC sobre mulheres negras e racismo, assim como Raissa. As duas são estudantes da Universidade Federal de Viçosa. Raissa cursa Ciências Sociais e Camila faz Jornalismo.

Ensaios fotográficos

Uma das marcas do Pérolas Negras são os ensaios fotográficos feitos com as meninas atendidas pelo projeto ou que participam do concurso de beleza Verão Black. Só tem diva, confira:




Por Daniel Froes - RPA

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