segunda-feira, 1 de junho de 2015

Repórter do portal R7 é vítima de abuso sexual no metrô de SP


De acordo com a jornalista, apesar de suas reclamações, o metrô não prestou a assistência necessária, e o funcionário ainda disse que ela deveria ter gritado ou “feito alguma coisa”. Episódio aconteceu na noite da última quarta-feira (27), na Linha 3 – Vermelha

Na noite da última quarta-feira (27), a jornalista Carolina Apple, do portal R7, sofreu abuso sexual na Linha 3 – Vermelha do metrô de São Paulo. A repórter conta que, no trajeto entre as estações Brás e Bresser-Mooca, um homem que se encontrava atrás dela se masturbou e ejaculou em sua calça jeans.

Carolina só percebeu o que havia acontecido quando deixou o vagão. De acordo com ela, apesar de suas reclamações, o metrô não prestou a assistência necessária, e o funcionário ainda disse que ela deveria ter gritado ou “feito alguma coisa”.

O relato da jornalista foi publicado pelo R7 na manhã desta quinta-feira (28). Confira a íntegra a seguir:

Tarado no metrô comigo nunca teve vez. Já protagonizei escândalo, já fui responsável pela retirada de um ser desse da estação e calejei meu cotovelo e meu olhar fulminante para encostadas suspeitas, mas, mesmo assim, hoje fui vítima: um usuário do Metrô ejaculou na minha calça.

O metrô lotado. Quando cheguei à estação Brás, sentido Corinthians-Itaquera, às 19h30, muitas pessoas saíram e algumas entraram. Entre essas pessoas que entraram no vagão estava esse homem que se achou no direito de se aliviar em mim.

No trajeto de 30 segundos entre a estação Brás e Bresser-Mooca, esse homem se masturbou. Não notei nada até a porta estar prestes a se abrir e o barulho da movimentação intercalar com a respiração ofegante dele atrás de mim.

Sai do vagão olhando para trás, desconfiada, e ele também saiu e me olhou. Foi quando meus pés tocaram a escada rolante que senti parte da minha calça esquentar. Quando coloquei a mão na minha calça notei que ela estava molhada. A palavra era nojo. Não dava mais tempo de descer, mesmo que minha vontade fosse pular da escada rolante que subia. Chamei um funcionário do Metrô e aí que tudo ficou ainda mais estranho.

Ele me acompanhou, procurando o tal homem que eu sabia que tinha embarcado no vagão do lado. Enquanto isso ele me dizia que não tinha o que fazer. Que EU deveria ter gritado, que EU deveria ter feito alguma coisa e se EU tivesse me manifestado, os próprios passageiros me ajudariam. Fiquei pensando em que momento o Metrô faria alguma coisa. Nada mais aconteceu. O funcionário perguntou se eu morava perto, eu disse que sim. E só. Nada de registro, nada de boletim de ocorrência, como se nada tivesse acontecido.

Não sou funcionária do Metrô para pensar em soluções para essa situação corriqueira, não sou paga para isso, mas pago a passagem, nada barata, para ir para minha casa ou trabalho tão apertada a ponto de um homem se masturbar, ejacular e ninguém ver.

Minha calça vai para máquina de lavar, mas e a minha dignidade.


no Revista Fórum

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