terça-feira, 28 de julho de 2015

Daniela Steele realiza exposição em Salvador após 10 anos

Daniela Steele trabalha no ateliê

É no contraste entre o preto e o branco que Daniela Steele se encontra. E, ao se encontrar, a artista revela as influências pop que sempre marcaram seu trabalho. Depois de mais de 10 anos, ela volta a realizar uma mostra individual na capital baiana.

Nesta quarta-feira, 29, às 19 horas, será aberta na Nino Nogueira Galeria de Arte uma exposição de 12 telas inéditas, em que a dualidade entre a agressividade e a ternura se fazem representadas nas pinceladas da artista.
"Eu comecei a prestar atenção nos bichos selvagens em situações agressivas, que ao mesmo tempo são ternas. Eles são como as pessoas, que têm esses dois lados. Eu também sou assim", explica ela, enquanto termina de pintar uma delicada borboleta amarela no focinho de um tigre.
Para pintar, Daniela toma como base fotografias e imagens publicitárias. A pesquisa que começou com coleções em pastas de plástico, hoje é feita com poucos cliques na internet e se desdobra em inúmeras pastas no computador.
"Ainda na Escola de Belas Artes (EBA), comecei a colecionar revistas de época, dos anos 60 e 70, como Manchete e O Cruzeiro. Daí comecei a pintar quadros a partir de imagens antigas de futebol, atrizes e cinema.
A estética dos quadros de Steele mantém o enquadramento em close das revistas e os temas que serviram como referências iniciais. Além dos animais, a produção que será exposta também conta com alguns retratos de personalidades como Elvis Presley.
Daniela vê o fazer artístico de forma objetiva, como um trabalho, sem grandes viagens e divagações. De forma pragmática, sua dedicação à arte ultrapassa a relação com a pintura. "Sou muito inquieta. Gosto de fazer investigações em outros campos como iluminação, retratos em papel, cenografia, escultura com modelagem em barro e fibra de alumínio, pinturas com sobreposições de redes transparentes".
Lá e cá
Desde 1999, Daniela Steele se divide entre a cidade do Porto, em Portugal, e a capital baiana, ao que se deve o longo hiato sem apresentar seu trabalho individual aqui. A primeira vez que expôs além-mar foi em 1998, quando ela e mais quatro artistas baianos realizaram uma exposição no Porto a convite do Museu de Arte Moderna da Bahia (MAM-BA).
"Conheci artistas e galeristas, fui me aproximando. Depois me mudei e fiquei mais lá do que cá até 2012. Na cidade do Porto tem uma rua inteira de galerias, a Rua Miguel Bombarda", conta a artista, que neste período incentivou trocas entre os contemporâneos baianos e os portugueses.
"As portas de Rio de Janeiro e São Paulo estão fechadas. Você abre o caminho lá fora e as coisas vão acontecendo", completa a artista, que participa de duas bienais entre julho e agosto, a 18ª Bienal de Cerveira e a Bienal de Gaia.

Para Daniela Steele, o cenário que encontrou ao retornar a Salvador está mais difícil. "Aqui quem legitima os artistas são os museus, arquitetos e decoradores, porque as galerias são poucas, não funcionam. Aqui tem tantos artistas bons que não expõem porque não têm onde".
Por outro lado, a artista vê uma maior organização da classe no sentido de realizar projetos conjuntos. "Os grupos de artistas estão se movimentando bastante em coletivos. As pessoas estão trabalhando juntas numa mesma coisa. Tenho visto isso aqui, o que é bacana".

Programe-se!
Exposição de Daniela Steele
Quando: Segunda a sexta, das 9h às 19h; sábados das 9h às 14h, até 31 de agosto
Onde: Galeria de Arte Nino Nogueira, Rio Vermelho
Quanto: Entrada franca

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