segunda-feira, 13 de julho de 2015

Jovem de black power é ironizada na web: “Não abaixo cabeça para racista”

 
Milleni foi fotografada por desconhecido quando voltava para casa no Rio.
Modelo de 21 anos diz que processará agressor e que preconceito é diário

A modelo, cantora e dançarina Milleni Bezerra Moreira, de 21 anos, voltava para casa, na Taquara, Zona Oeste do Rio, após um dia aparentemente normal de trabalho. Era final da tarde de quarta-feira (8), mas ainda naquela noite ela seria surpreendida: uma pessoa desconhecida tirou uma foto sua no ônibus, a ridicularizou nas redes sociais e a postagem viralizou. “Nunca vi um smurf com black power”, escreveu o agressor. Milleni é negra e se sentiu profundamente ofendida.

 
A web se dividiu. Enquanto algumas pessoas compartilharam a imagem achando graça, outros tantos se revoltaram. Já nesta quinta (9), Milleni desabafou. “Não abaixo cabeça para racista”, escreveu. Em meio aos comentários, um subiu o tom e escreveu que poderia ser engraçado ver aquele cabelo pegando fogo. Para Milleni, o racismo fica ainda mais “escancarado” neste caso.

Ao G1, ela diz que sofre preconceito diariamente — não só por causa da cor do cabelo, mas principalmente pela cor da raça.
 
“A questão não é o cabelo colorido, é ser black power. Com certeza uma branca de cabelo colorido não sofreria isso, seria uma “sereia linda”. Quando eu era vendedora de uma loja alternativa minha gerente pediu para eu mudar o cabelo porque chamava atenção de uma ‘forma negativa'”, revela. “Acho que é muito fácil dizer que a pessoa está se fazendo de vítima quando não é você quem está sofrendo. Vou esperar colocarem fogo no meu cabelo?”, completou.

Para descobrir quem era o autor da agressão — já que seu nome havia sido borrado nas postagens — ela fez contato com uma das pessoas que também se sentiu ofendida com a “brincadeira” e entrou em contato com a modelo. Após descobrir o nome do agressor, ela prometeu recorrer à Justiça para ser reparada.

“Dei print e vou levar na delegacia. Ele [o agressor] até me mandou mensagem, mas não respondi. Vou processá-lo por racismo. Outra pessoa veio me pedir perdão, mas teve gente também que veio me ofender mais ainda”, conta.


por Gabriel Barreira no G1 

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