sábado, 4 de julho de 2015

Juiz Sérgio Moro: 'a Constituição determina que o processo seja público'


Palestrante no 10º Congresso Internacional da Abraji (Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo), o juiz Sérgio Moro, que coordena as ações penais da Operação Lava Jato, afirmou ver "com preocupação a polarização excessiva" do debate político no Brasil. Para o magistrado, o cuidado deve ser especial quando o debate vai para "um nível ofensivo", seja em relação aos investigados, ao Partido dos Trabalhadores e ao próprio juiz. Apesar disso, ele afirmou que nunca se sentiu ameaçado. 

Filho de professores e afirmando não ser "nenhuma besta fera" ou ter "ambição política", Moro disse que "os processos devem ser públicos”, exceto nos casos estabelecidos pela Justiça. Ele explicou que essa decisão foi tomada pela Constituição e deu um exemplo: “e se todo o processo da ação penal 470 fosse sigiloso?”. Na opinião dele, foi melhor que a população tivesse tomado conhecimento de todos os fatos naquela ação. E defendeu: crimes contra a administração pública têm mais razão ainda para serem públicos. 

Questionado sobre as falhas do Judiciário, Moro fez críticas à lentidão da Justiça, afirmando "que existe uma insatisfação geral da população por sermos lentos". "Nosso sistema é lento, moroso e ineficiente", disse. Segundo ele, há uma preocupação geral no judiciário já que o "sistema está aí para servir à sociedade".

Respondendo sobre as críticas de advogados contra sua atuação no processo, Moro disse que um juiz, como qualquer pessoa, nunca se desprende dos valores pessoais, mas julga, segundo a lei, fatos e provas. "Eu acredito que já absolvi pessoas que no meu íntimo [via] como culpadas, mas não havia fatos condenatórias no processo”. Segundo ele, "a imparcialidade do juiz é se manter aberto para mudar de opinião até o final do processo".

Moro afirmou que "nenhum sistema de justiça é infalível e o juiz tem que se autopoliciar contra excessos". Ele acha que tem que ser “uma vigilância constante". Todavia, lembra que o próprio sistema corrige os seus erros. Por ser um juiz de primeira instância, suas decisões passam por diversas instâncias superiores "que podem corrigir eventuais falhas". 

Perguntado sobre o que fará quando terminar a Lava Jato, ele brincou sobre seu único plano: tirar férias.

Fonte: G1

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