Karl Lagerfeld
- o personagem mais próximo de um soberano ou de um sumo pontífice que a
moda possui- está convencido de que mídia e público adoram alardear a
má fama do "métier" porque "existe a crença de que se trata de uma
profissão fácil demais, na qual as pessoas trabalham pouco e ganham
muito".
No caso, ele se referia ao fato de ter sido retratado como um gênio do mal, com um plano perverso para dominar o mundo, na sátira cinematográfica "Zoolander", de 2001.
Lá se vão 14 anos e a moda, mesmo não tendo ainda abalado a geopolítica planetária, segue firme e forte em sua vocação para causar polêmica. Consumismo desenfreado, danos ao meio ambiente, trabalho escravo, distúrbios alimentares, prostituição, drogas e outras mazelas sociais são muitas vezes associados a esses salões de atmosfera rarefeita habitados por uma fauna afetada.
Adriana Komura
No caso, ele se referia ao fato de ter sido retratado como um gênio do mal, com um plano perverso para dominar o mundo, na sátira cinematográfica "Zoolander", de 2001.
Lá se vão 14 anos e a moda, mesmo não tendo ainda abalado a geopolítica planetária, segue firme e forte em sua vocação para causar polêmica. Consumismo desenfreado, danos ao meio ambiente, trabalho escravo, distúrbios alimentares, prostituição, drogas e outras mazelas sociais são muitas vezes associados a esses salões de atmosfera rarefeita habitados por uma fauna afetada.
Adriana Komura
No mais recente round desse embate, está a atual novela do horário adulto da Rede Globo, "Verdades Secretas". Embalada e comercializada como um comentário realista sobre o "outro lado" da moda, a atração causou furor nas redes sociais, provocando acalorados protestos e bate-bocas envolvendo sobretudo modelos e seus agentes.
Tudo porque o folhetim das 11 da noite explora -com os tons berrantes que se espera de um folhetim- a existência do infame "book rosa", o catálogo que certas agências de modelos usariam para vender, de maneira sigilosa, os serviços de algumas de suas contratadas como luxuosas garotas de programa.
Donos de agência estrilaram exigindo um pedido de desculpa da emissora -como é praxe em nossos dias politicamente corretos-, modelos conhecidas vieram a público declarar que, se a prática realmente existe, elas nunca tiveram conhecimento, e os revoltados de plantão condenaram de saída a participação da top model Alessandra Ambrósio em uma trama que, segundo eles, denigre a profissão.
Como jornalista que cobre a área há mais de 20 anos, devo dizer que vejo as desventuras da jovem Angel (Camila Queiroz) como mais uma história de garota ingênua que cai na vida (nada fácil), e não como um retrato fiel e revelador sobre a moda.
Se existem profissionais do sexo e seus agentes atuando no setor, em especial durante as semanas internacionais de lançamentos e outros grandes eventos? Sem dúvida, como em todas as demais esferas da vida em sociedade -ou não ouviríamos mais a surrada classificação de "a mais antiga das profissões".
Claro que, em um meio movido a doses maciças de juventude e beleza, isso fica ainda mais evidente. Porém, é bom não esquecer que houve tempo -quando a moda como negócio globalizado não havia sido inventada- em que o meio artístico era totalmente estigmatizado. Atrizes e cantoras não eram bem-vistas pela sociedade burguesa bem-posta. E olha que nem faz tanto tempo assim.
Mas, enquanto o destino da modelo Angel será decidido nas próximas semanas pelo autor Walcyr Carrasco, a súbita notoriedade do "book rosa" não deve impedir que mais e mais garotas alimentem e busquem o sonho de ser a próxima Gisele.
Como disse a decana agente de modelos americana Eileen Ford, falecida no ano passado, na conclusão do polêmico livro "Model: The Ugly Business of Beautiful Women", do jornalista Michael Gross: "Paraíso é só quando a gente morre”.
POR MÁRIO MENDES
Tudo porque o folhetim das 11 da noite explora -com os tons berrantes que se espera de um folhetim- a existência do infame "book rosa", o catálogo que certas agências de modelos usariam para vender, de maneira sigilosa, os serviços de algumas de suas contratadas como luxuosas garotas de programa.
Donos de agência estrilaram exigindo um pedido de desculpa da emissora -como é praxe em nossos dias politicamente corretos-, modelos conhecidas vieram a público declarar que, se a prática realmente existe, elas nunca tiveram conhecimento, e os revoltados de plantão condenaram de saída a participação da top model Alessandra Ambrósio em uma trama que, segundo eles, denigre a profissão.
Como jornalista que cobre a área há mais de 20 anos, devo dizer que vejo as desventuras da jovem Angel (Camila Queiroz) como mais uma história de garota ingênua que cai na vida (nada fácil), e não como um retrato fiel e revelador sobre a moda.
Se existem profissionais do sexo e seus agentes atuando no setor, em especial durante as semanas internacionais de lançamentos e outros grandes eventos? Sem dúvida, como em todas as demais esferas da vida em sociedade -ou não ouviríamos mais a surrada classificação de "a mais antiga das profissões".
Claro que, em um meio movido a doses maciças de juventude e beleza, isso fica ainda mais evidente. Porém, é bom não esquecer que houve tempo -quando a moda como negócio globalizado não havia sido inventada- em que o meio artístico era totalmente estigmatizado. Atrizes e cantoras não eram bem-vistas pela sociedade burguesa bem-posta. E olha que nem faz tanto tempo assim.
Mas, enquanto o destino da modelo Angel será decidido nas próximas semanas pelo autor Walcyr Carrasco, a súbita notoriedade do "book rosa" não deve impedir que mais e mais garotas alimentem e busquem o sonho de ser a próxima Gisele.
Como disse a decana agente de modelos americana Eileen Ford, falecida no ano passado, na conclusão do polêmico livro "Model: The Ugly Business of Beautiful Women", do jornalista Michael Gross: "Paraíso é só quando a gente morre”.
POR MÁRIO MENDES
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