domingo, 13 de dezembro de 2015

Racismo, aqui não!

Sheron Menezzes reage a ofensas racistas nas redes sociais
Atriz postou texto em resposta a comentários preconceituosos


RIO - Depois de personalidades como a atriz Taís Araújo e a jornalista Maria Júlia Coutinho, a Maju, serem vítimas de racismo nas redes sociais, a atriz Sheron Menezzes foi agredida verbalmente por vários comentários preconceituosos em uma foto compartilhada.

A atriz usou o Facebook para comentar o episódio, postando um texto destinado aos "desprezíveis racistas" na madrugada desta segunda-feira. “Não adianta entrar na minha página e escrever absurdos, xingamentos e agressões pois vão ter que engolir a mim e a tantas outras pessoas negras em nosso país”, escreveu ela.

No texto, ela também enfatiza que foi “treinada desde criança” e tem consciência sobre o valor dela. “Não adianta colocar uma máscara de macaco no meu rosto ou tentar me ofender porque isto não me atinge”, afirmou, avisando que a Polícia Federal cuidaria do caso.

Até o começo da tarde, o texto já reunia mais de 35 mil curtidas. Procurada pela reportagem, a assessoria da atriz informou que ela está fora do país.

Confira o texto compartilhado pela atriz:


Artista · 174.222 curtidas 

Desprezíveis Racistas 
Não adianta entrar na minha página e escrever absurdos, xingamentos e agressões pois vão ter que engolir a mim e a tantas outras pessoas negras em nosso país! Já esperava por isso depois do que fizeram com minhas amigas e colegas, então quero lhes dizer que saiam da frente com sua inveja, pois estamos passando com o nosso cabelo maravilhoso, com a nossa linda cor, nossa beleza, nossa educação e nossa inteligência. Não adianta colocar uma máscara de ...Ver mais

A Delegacia de Repressão aos Crimes de Informática (DRCI) informou que, até o início da tarde desta segunda-feira, não recebeu uma denúncia formal da atriz. O presidente da Comissão de Igualdade Racial da OAB-RJ, Marcelo Dias, ressalta, no entanto, que o registro do caso é essencial para se criar estatísticas sobre esse tipo de crime.

— Os números colocam pressão em cima da Justiça, e as denúncias feitas por pessoas públicas também forçam os delegados a encontrarem respostas rápida — afirma Dias, lembrando que a prática do racismo, desde a criação da Lei 7.716, conhecida como Lei Caó, em 1989, é crime inafiançável e imprescritível. — O problema é que nunca houve uma pessoa condenada pelo crime de racismo. As denúncias são sempre registradas como injúria racial, que é um delito digno de fiança, cujo responsável responde em liberdade. Se essa pena não sair da teoria e for posta em prática, a cultura da discriminação não vai mudar.

CASOS RECORRENTES

Para o professor da UERJ Luiz Augusto Campos, que é doutor em Sociologia e autor de diversas pesquisas sobre racismo, é possível identificar uma série de fatores por trás da recorrência como esses casos vêm se apresentando no Brasil. E o primeiro deles tem a ver coma própria visibilidade que a mulher negra vem ganhando nos meios de comunicação.

- Por mais que ainda haja problemas e esterótipos, fizemos um estudo recente que mostrou que a participação delas nas telenovelas passou de 5% na década de 1980 para 12% atualmente - afirma. - E o fato de essas mulheres estarem mais visíveis e em posições narrativas que não são comuns, como empresárias, desperta um racismo que estava silenciado.

Mas esse quadro também tem a ver com os mecanismos que regem as redes sociais, segundo Campos. Para ele, muita gente acredita estar protegida pelo anonimato nesses ambientes, e não têm pudor em expressar suas opiniões.

- Embora haja possibilidade de punição dos autores, ainda há muita impunidade. E essa sensação pode estar provocando a repetição desses atos.


Fonte: O Globo

Nenhum comentário:

AS MAIS ACESSADAS

Da onde estão acessando a Maria Preta