Depois de defender a "cura gay", o secretário de Assistência Social e Direitos Humanos do Rio de Janeiro, Ezequiel Teixeira, foi exonerado na noite desta quarta-feira (17) pelo governador Luiz Fernando Pezão.
O pastor filiado ao Partido da Mulher Brasileira (uma legenda para lá de controversa e "antifeminista") comparou homossexualidade a doença em entrevista ao jornal O Globo. “Eu não creio só na cura gay, não. Creio na cura do câncer, na cura da Aids... Sabe por quê? Porque eu sou fruto de um milagre de Deus também.”
Além da decisão de Pezão de afastá-lo, o ex-secretário também recebeu uma resposta matadora contra o preconceito de uma família formada por um casal gay e seu filho adotivo.
Trata-se de uma postagem de Rodrigo Barbosa, casado com o jornalista Gilberto Scofield Junior. Os dois são pais do pequeno Paulo Henrique.
Você deve se lembrar da história deles.
Paulo foi adotado pelo casal após ser rejeitado por três casais heterossexuais que na fila de adoção o consideraram "feio" ou "negro demais".
O amor dessa família virou campanha de Dia das Mães em 2015.
Em seu post, Rodrigo traça o histórico do termo "homossexualismo" e ressalta que homossexualidade não é doença. E dá um recado para o agora ex-secretário:
"Hoje, casado, pai de um menino de 6 anos que é uma felicidade na minha vida, digo com total certeza que não há nada a ser curado aqui. Olhe para a foto da minha família e me diga, sinceramente, se tem algo a ser curado aqui. É uma delícia ser gay, Sr Ezequiel, acredite. Aliás é uma delícia poder ser quem você é ou quer ser."
Aqui a mensagem completa:
Sr Ezequiel Teixeira,
Hoje eu acordei, ao lado do meu marido, com quem vivo há 13 anos, com a notícia de que o senhor acredita na cura gay. Eu, gay, nunca acreditei nisso. E nunca acreditei porque tenho consciência de que não estou doente.
Desde muito pequeno "sentia que era diferente dos outros meninos". Sinto-me obrigado a colocar essa frase entre aspas porque é algo que foi dito muitas vezes, por muitas pessoas que, assim como eu, não se sentem doentes.
Hoje eu acordei, ao lado do meu marido, com quem vivo há 13 anos, com a notícia de que o senhor acredita na cura gay. Eu, gay, nunca acreditei nisso. E nunca acreditei porque tenho consciência de que não estou doente.
Desde muito pequeno "sentia que era diferente dos outros meninos". Sinto-me obrigado a colocar essa frase entre aspas porque é algo que foi dito muitas vezes, por muitas pessoas que, assim como eu, não se sentem doentes.
Muitos
anos antes do meu nascimento, e acredito que do seu também, em 1948, o
homossexualismo passou a existir na Classificação Internacional de
Doenças (CID) sob código 320, dentro da categoria de Personalidade
Patológica, na subcategoria de Desvio Sexual.
Acredito que o senhor saiba que no dia 17 de maio de 1990 o homossexualismo deixou de fazer parte da CID. Eu não lembro desse marco, tinha apenas 9 anos, mas lembro que naquele mesmo ano perdemos Cazuza. Quem queria um Cazuza diferente daquele que tivemos? Não, não queremos cura alguma.
Aos 14 anos comecei a me relacionar com homens mais velhos, já que os meninos da minha idade não contavam uns aos outros sua orientação sexual. Era 1995. E lendo o jornal de hoje já nem sei se posso dizer que era uma época mais careta, mas certamente menos esclarecida. Eu não tinha abertura para conversar com meus pais, amigos, escola. Por vezes, me arriscava a entrar no carro de pessoas das quais eu nem sabia o nome em busca de alguma aventura. Outras vezes apenas suprimia meus desejos e as lembranças hoje são de uma infância e adolescência muito tristes, tentando esconder de todos que eu conhecia quem eu realmente era.
Em algum momento eu consegui me libertar do julgamento de pessoas que acham que a homossexualidade (como passou a ser chamada, porque não se trata de uma doença, e então não precisa de cura) seja algo errado, um desvio, uma escolha, e passei a ser feliz.
Hoje, casado, pai de um menino de 6 anos que é uma felicidade na minha vida, digo com total certeza que não há nada a ser curado aqui. Olhe para a foto da minha família e me diga, sinceramente, se tem algo a ser curado aqui. É uma delícia ser gay, Sr Ezequiel, acredite. Aliás é uma delícia poder ser quem você é ou quer ser. O único momento em que eu me sinto entristecido, é quando abro o jornal e vejo que uma pessoa que está no cargo de Secretário de Direitos Humanos faz declarações como essas que todos lemos na manhã de hoje.
Mas não há cura para o mau-caratismo e a sem-vergonhice, não é mesmo? Que vergonha em ter o senhor como Secretário. Que vergonha!
...
Alguns amigos me perguntaram se podem compartilhar. Claro. Essa luta é de todos nós.
Fonte: Brasil Post
Acredito que o senhor saiba que no dia 17 de maio de 1990 o homossexualismo deixou de fazer parte da CID. Eu não lembro desse marco, tinha apenas 9 anos, mas lembro que naquele mesmo ano perdemos Cazuza. Quem queria um Cazuza diferente daquele que tivemos? Não, não queremos cura alguma.
Aos 14 anos comecei a me relacionar com homens mais velhos, já que os meninos da minha idade não contavam uns aos outros sua orientação sexual. Era 1995. E lendo o jornal de hoje já nem sei se posso dizer que era uma época mais careta, mas certamente menos esclarecida. Eu não tinha abertura para conversar com meus pais, amigos, escola. Por vezes, me arriscava a entrar no carro de pessoas das quais eu nem sabia o nome em busca de alguma aventura. Outras vezes apenas suprimia meus desejos e as lembranças hoje são de uma infância e adolescência muito tristes, tentando esconder de todos que eu conhecia quem eu realmente era.
Em algum momento eu consegui me libertar do julgamento de pessoas que acham que a homossexualidade (como passou a ser chamada, porque não se trata de uma doença, e então não precisa de cura) seja algo errado, um desvio, uma escolha, e passei a ser feliz.
Hoje, casado, pai de um menino de 6 anos que é uma felicidade na minha vida, digo com total certeza que não há nada a ser curado aqui. Olhe para a foto da minha família e me diga, sinceramente, se tem algo a ser curado aqui. É uma delícia ser gay, Sr Ezequiel, acredite. Aliás é uma delícia poder ser quem você é ou quer ser. O único momento em que eu me sinto entristecido, é quando abro o jornal e vejo que uma pessoa que está no cargo de Secretário de Direitos Humanos faz declarações como essas que todos lemos na manhã de hoje.
Mas não há cura para o mau-caratismo e a sem-vergonhice, não é mesmo? Que vergonha em ter o senhor como Secretário. Que vergonha!
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Alguns amigos me perguntaram se podem compartilhar. Claro. Essa luta é de todos nós.
Fonte: Brasil Post
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