sexta-feira, 19 de fevereiro de 2016

App Vigilante permite denunciar casos de violência policial pelo celular


“Não é só pelos 20 centavos”, “O gigante acordou”, “Vem pra rua, vem”.

Essas frases marcaram o ano de 2013, quando ocorreram diversas manifestações por todo o País. A população estava descontente com uma série de pautas e o aumento da tarifa do transporte público se encarregou de ser a gota d'água.
Nas ruas lotadas, jovens e adultos se misturavam. Mas, de repente, era recorrente sentir a ardência nos olhos, a fumaça, a correria e a brutalidade.

A ação truculenta da polícia nas passeatas, principalmente em São Paulo, ecoaram para o resto do Brasil.

A situação foi vivenciada bem de perto por um grupo de estudantes de direito que, mais tarde, foram os responsáveis por reivindicar o habeas corpus coletivo para os manifestantes presos durante os atos organizados pelo Movimento Passe Livre.

Entre eles, estava Luccas Adib, bacharel em Direito e diretor-executivo da EvoBra, associação sem fins lucrativos que pesquisa inovações em políticas públicas.

Em entrevista ao HuffPost Brasil, Adib explicou a origem do projeto:

“Toda aquela situação me intrigou. Vi pessoas tendo o seu direito violado por policiais. A maioria da população, na verdade, não sabe quais são os seus direitos. Um policial pode pedir para acessar ao seu celular? Ou cometer qualquer tipo de violência? Resolvi estudar e pesquisar mais sobre o tema. Foi ai que surgiu a ideia de criar uma ferramenta que mediasse essa situação e atuasse em colaboração com a própria polícia para conter os abusos.”

Nascia a ideia do Projeto Vigilante, aplicativo lançado este mês para o sistema Android, que tem por objetivo principal empoderar o cidadão, mediar as denúncias de situações de abuso de autoridade ou violência e, assim, fortalecer o papel das ouvidorias nas instituições -- a ouvidoria da polícia é uma espécie de ombudsman da segurança pública no Estado. É um órgão dirigido por um representante da sociedade civil, com autonomia e independência, cuja principal função é ser o porta-voz da população em atos irregulares praticados pelas Polícias.

“Nosso objetivo não é acumular dados e direcionar para outros fins. O que queremos é ser um facilitador paraestatal da denúncia. Não faz mais sentido que o Estado utilize como meio formal de comunicação um telefone, notificação escrita ou fax. A ouvidoria das polícias foi criada em 1995 e os mecanismo de diálogo com a população são da mesma época. Estamos atrasados nessa ponte e a ideia do projeto veio para complementar uma lacuna.”
Um método mais dinâmico que facilite o diálogo entre a população e o Estado pode vir a ocupar um espaço importante na construção de uma sociedade que se preocupa com os direitos do cidadão.

No site da Ouvidoria da Polícia de São Paulo, por exemplo, é possível acessar relatórios de prestação de contas das denúncias.

O último período contabilizado, no entanto, foi o primeiro semestre de 2015, que contou com 95 queixas de abuso de autoridade, 88 de corrupção passiva, 27 de tráfico de drogas com envolvimento de policiais e 544 queixas de má qualidade no atendimento. A taxa de indivíduos responsabilizados pelas queixas, porém, não é divulgada.
 
 
Fonte: HuffPost Brasil

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