quarta-feira, 1 de junho de 2016

Conar observa movimento contra a exploração da mulher

Prestes a receber abaixo-assinado que pede fim da objetificação feminina em campanhas, órgão garante acompanhar as demandas sociais para garantir as boas práticas publicitárias

Peças publicitária de cerveja, nas quais os corpos das mulheres são expostos, são usadas como exemplo na petição criada no site Avaaz.org (Crédito: Reprodução)

Mais de 18 mil pessoas (até a tarde desta terça-feira, 31), já haviam assinado uma petição no site Avaaz.org, que pede o “fim da exposição da mulher como objeto sexual na publicidade”.

Amplamente discutida nas redes sociais e nos eventos da indústria da comunicação no Brasil e em todo o mundo desde o ano passado, a representação da figura feminina na publicidade voltou a entrar na pauta nacional após a divulgação do crime de estupro coletivo de uma adolescente, ocorrido na semana passada no Rio de Janeiro. A tragédia, que chocou a população, levantou novamente a discussão de diversos comportamentos e ideias que, juntos, contribuem para a formação da violência contra a mulher e da chamada cultura do estupro no País – e entre esses fatores, está a maneira como as mulheres são mostradas na publicidade e na mídia.

O assunto levou um usuário do Avaaz.org a criar uma petição para pedir que as campanhas publicitárias não mostrem mais a mulher como objeto sexual. A ideia, segundo a página, é atingir 20 mil assinaturas para que a proposta seja encaminhada ao Conselho Nacional de Autorregulamentação Publicitária (Conar).

Embora ainda não tenha recebido nenhum comunicado oficial sobre a petição, o Conar tem conhecimento da manifestação que está acontecendo nas redes sociais e se mostra atento à questão. De acordo com a comunicação do Conselho, o próprio Código de Regulamentação do Conar já estabelece critérios para as boas práticas da atividade publicitária.

O artigo 19 do Código prevê que “toda atividade publicitária deve caracterizar-se pelo respeito à dignidade da pessoa humana, à intimidade, ao interesse social, às instituições e símbolos nacionais, às autoridades constituídas e ao núcleo familiar”.

Anúncio da Itaipava foi suspendo pelo Conar, no ano passado (Crédito: Reprodução)

Segundo o Conar, algumas das peças publicitárias utilizadas pelo Avaaz.org como ilustração da petição são campanhas que já foram julgadas e punidas pelo órgão. É o caso da campanha da cerveja Itaipava, assinada pela Y&R, que fazia uma comparação entre o volume da lata e da garrafa da bebida com o do silicone da modelo Aline Riscado, garota-propaganda da cerveja. Isso mostraria, de acordo com a entidade, a atenção do Conar a casos em que a objetificação feminina é explícita.

Apesar de, na teoria, o órgão determinar o respeito e dignidade na publicidade, o Conar é ciente que há diversas questões subjetivas na avaliação das campanhas que desrespeitam ou exploram a figura da mulher e também do homem. De acordo com a entidade, as novas demandas e comportamentos sociais acabam pautando a atualização do código de regulamentação e, consequentemente, alterando padrões que não condizem mais com a realidade da sociedade. A publicidade de cerveja é um exemplo dessa atualização. O Conar já publicou mais de cinco reformulações em seu código para alterar regras para a comunicação de cerveja e bebidas alcoolicas. O mesmo aconteceu com a publicidade direcionada às crianças.

No caso do combate à cultura do estupro e a utilização da mulher como objeto sexual nas mensagens publicitárias de produtos ou serviços, a comunicação do Conar garante que o Conselho de Ética continuará acompanhando atentamente todas as reclamações e casos a fim de manter as boas práticas da indústria.

Sobre a atual petição do Avaaz.org, o Conar diz que, embora ela não tenha valor legal, o conteúdo será analisado e avaliado pelos conselheiros da entidade, como forma de manifestação da população acerca de um assunto.

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