Livro de fotógrafo e jornalista traz a poesia e a filosofia de moradores de rua que vivem em São Paulo
A falta de empatia funciona como um anestésico diante de outras realidades. As pessoas fecham os olhos, tapam os ouvidos e simplesmente ignoram outras vidas. Tratam-nas com menosprezo, desrespeito e a maior frieza possível. No caso de moradores de rua, isso fica bastante evidente.
Estão à margem da sociedade em diversos sentidos, e aos olhos de alguns, nem humanos são. Expostas ao tudo e ao nada; às chuvas e ao frio; aos sorrisos às lágrimas, essas pessoas muitas vezes criam uma realidade alternativa para habitar. Algo que possa ser menos cruel, ou um mundo paralelo em que seus sonhos tenham se tornado realidade.
O olhar sensível do fotógrafo e jornalista Jean Takada conseguiu atravessar as barreiras entre os dois mundos dessas pessoas - o que chamamos de realidade e o que chamamos de fantasia - e retratou isso no livro Delírios - Histórias e retratos no centro velho de São Paulo, disponível para download gratuito.
A obra, com 128 páginas, reúne retratos e relatos de dez moradores de rua que vivem “realidades alternativas”. Convencionalmente chamadas de loucas, essas pessoas demonstram a poesia e a filosofia que, apesar de tudo, conseguem encontrar em seu cotidiano. O livro se apresenta como um verdadeiro convite ao universo de pessoas invisíveis aos olhos da sociedade. Takada deixa claro que ali não estão loucos, mas sim humanos.
Humanos como você e eu, repleto de dramas internos, sonhos, visões de mundo e, principalmente, uma história de vida. O jornalista e fotógrafo fez o que poucos têm coragem: abriu os olhos a uma realidade totalmente diferente da sua.
A ideia do livro apareceu quando Jean Takada se deparou com uma cena insuportável para as almas sensíveis: ao lado da Catedral da Sé, em São Paulo, uma senhora estava caída no chão e gritava muito. Ao seu redor, todos a ignoravam. Diziam que era louca.
Intrigado com aquilo, Jean tentou entender mais sobre a história daquela mulher. Rapidamente descobriu que era conhecida como Dona Olívia e que tinha um comportamento bastante ímpar: não aceitava esmolas, não possuía vícios e vivia sempre sozinha.
A partir de Dona Olívia, o jornalista encontrou mais pessoas tidas como loucas. Conheceu o universo de cada uma delas, as fotografou e o resultado de toda essa sensibilidade pode ser conferido aqui: https://goo.gl/7EUDdL.
Via Obvious
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