Amostras do cristalino do olho destes predadores do Ártico ajudam a determinar a sua longevidade, revela um estudo publicado na revista Science
Em Portugal, reinava D. Filipe II quando, em 1616, nasceu o tubarão da Gronelândia (Somniosus microcephalus) que com 400 anos se tornou no mais velho animal vertebrado do mundo. A descoberta liderada pelo cientista Julius Nielsen, da Universidade de Copenhaga, e agora publicada na revista Science, traz à tona os segredos das profundezas das águas frias do Ártico.
Há vários anos que os investigadores suspeitavam da longevidade do tubarão da Gronelândia, encontrado em profundidades entre os 132 e os 1200 metros. Cinzento e robusto, um dos maiores carnívoros do mundo pode crescer até aos cinco metros de comprimento, num ritmo vagaroso, à volta de um centímetro por ano.
A longa esperança de vida de um animal que só atinge a maturidade sexual por volta dos 150 anos é agora equiparada à de outros animais centenários como a baleia da Gronelândia (até aos 211 anos) ou a tartaruga das Galápagos (170 anos). Mas, quem detém o título de animal mais antigo do mundo, embora invertebrado, é um molusco, a amêijoa Ming com 507 anos, que teria vivido de 1499 a 2006.
Esta revelação coloca o tubarão muito à frente do elefante mais velho em cativeiro, Lin Wang, que morreu aos 86 anos e bate também todos os recordes de longevidade dos humanos, com uma francesa, Jeanne Louise Calment, que viveu até aos 122 anos.
O estudo foi feito com 28 fêmeas pescadas, acidentalmente, ao largo dessa ilha, entre 2010 e 2013. Foi através de técnicas de datação por radiocarbono, as quais obtêm amostras do cristalino do olho daqueles animais, que conseguiram determinar com maior rigor a idade dos tubarões. “A retina do tubarão da Groenlândia é feita de um material especializado e contém proteínas que são metabolicamente inertes”, explicou Nielsen.
“O que significa que depois de as proteínas serem sintetizadas no organismo, não são renovadas novamente. Então podemos isolar esse tecido formado quando o tubarão era um bebé, e fazer a datação por radiocarbono.” Como a datação por radiocarbono não gera datas exatas, a equipa de investigação acredita que essa fêmea possa ter morrido tanto aos 272 anos como aos 512 anos. Mas, provavelmente, ficou algures a meio, em cerca de 400 anos.
“Acreditamos que estamos a lidar com um animal bastante diferente do habitual, mas acho que qualquer um de nós ficou espantado ao saber que esta espécie pode chegar a esta idade”, disse Julius Nielsen, principal autor do estudo, citado pela BBC.
Via Portal Visão
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