quinta-feira, 16 de março de 2017

Conheça Cidinha da Silva, em seu novo livro a escritora mostra o genocídio dos negros

A escritora Cidinha da Silva era adolescente quando deu os primeiros passos no mundo da escrita. Hoje, ela encanta os leitores com os seus livros que trazem personagens carregados de realidade.


Este mês, ela vem a Ribeirão Preto, a convite do Sesc e do Leia Mulheres para lançar o seu livro #Parem de nos matar. Através de crônicas ela narra o genocídio físico e cultural dos negros.Ela também dará uma oficina no Sesc, para propagar o afeto pela literatura.

Ela conversou com o blog Livro sem frescura sobre a sua infância e o papel da mulher negra no mundo literário brasileiro.

Descoberta

A leitura foi a maior descoberta do meu mundo infantil. Fiz então como toda criança faz com aquilo que produz encantamento, me joguei.

Primeiros passos na escrita

O primeiríssimo passo foi a leitura que me despertava vontade de criar minhas próprias histórias. De alguma forma eu fazia isso nas “composições” do antigo grupo escolar e posteriormente nas redações do colégio

Primeiro romance

Aos 12 anos comecei a escrever um negócio que pretendia ser um romance de aventura e se chamava “Aventura em mar aberto”. Só escrevi as primeiras folhas de um caderno pautado. Naufragou. A motivação para esta escrita foram as leituras da série Vagalume, da Ática, Julio Verne e Monteiro Lobato, que àquela época eu lia sem olhos críticos.

Poemas

Escrevi umas coisas que chamava de poemas, mas que não tinham literariedade alguma. Eram apenas um desejo adolescente de comunicação com o mundo.


As crônicas e suas origens

Elas nascem basicamente da observação do mundo. Essa observação gera inquietações, alegrias, dores, angústias, desacordos, desassossegos, vontade de opinar criticamente.

Primeiro livro

Foi massa. Eu ainda não sabia que viria a fazer literatura. Eu me entendia como artivista naquele momento (2006), ou seja, alguém que utilizava a arte para fazer política, apenas isso. O primeiro livro, “Cada tridente em seu lugar”, como boa parte dos primeiros livros, tem altos e baixos, e os altos, a parte mais literária, eram o que eu menos compreendia e geravam mais insegurança. Foi um livro em que experimentei vários temas e linhas de criação. As melhores linhas foram as que saíram do prumo e me mostraram que se eu seguisse por caminhos menos óbvios poderia, de fato, fazer literatura.

Inspiração

Não costumo pensar que tenha inspirações para escrever. tenho motivações (parte subjetiva) e disciplina (o trabalho da escrita, propriamente). O quem move é a necessidade de me comunicar com o mundo, a partir do lugar em que enxergo o mundo e da forma como o faço. Também me move a necessidade de criar mundos novos.


A mulher e o mercado literário

Poxa, cabe um mundo nessa resposta. Para facilitar a vida e não cometer grandes erros, recortemos o mercado editorial brasileiro contemporâneo. Darei impressões epiteliais, sem pretensão de aprofundamento. No que tange à produção, continuamos sem saber o quanto as mulheres escrevem, pois a publicação de mulheres continua pequena.

A mulher e o reconhecimento no mundo literário

Em relação ao reconhecimento, legitimação e premiação das mulheres escritoras, continuamos pouco visíveis em tudo e os júris continuam majoritariamente masculinos.

O mercado literário e as escritoras negras

Em relação ao pertencimento racial das escritoras, como grandes nomes, depois de Maria Firmina dos Reis, Carolina Maria de Jesus e da pouco conhecida e excelente Ruth Guimarães, talvez tenhamos apenas Ana Maria Gonçalves, Elisa Lucinda e Conceição Evaristo. É muito pouco.

Invisibilidade das escritoras negras

O segundo maior problema da invisibilidade das escritoras negras, depois do racismo estrutural que atinge a produção de todas as mulheres negras, é a presença reduzida em editoras que promovam seu corpo de autoras. A recepção aos textos das escritoras negras é boa, mas ainda restrita ao público negro, para boa parte das autoras. A escrita das mulheres negras merece despertar o interesse de outros grupos também. Ou seja, o temos a dizer e o que temos dito precisa ser ouvido, lido e debatido para além de nós mesmas.

Evento em Ribeirão Preto

Teremos três momentos de encontro em Ribeirão Preto: o primeiro, o curso #Parem de nos matar! – um modo de educar afetos pela leitura que acontece no SESC nas manhãs dos dias 18 e 19. Na oportunidade trabalharemos a manufatura do livro #Parem de nos matar!. Capa, escolhas temáticas, organização dos textos, tessitura dos blocos que estruturam o livro, a saber: a interseção racismo e futebol, arte, políticas públicas de educação, imigração e cultura, movimentos sociais, homoafetividades e resistência a esse estado de coisas. No segundo dia do curso, exercícios serão construídos coletivamente para potencializar o uso das crônicas como ferramenta educativa e de movimentação da perspectiva de criação e intervenção política pela literatura. As inscrições estão abertas.

Leia Mulheres

No segundo momento participarei com muita alegria do Leia Mulheres promovido pela mulherada simpática e ativa de Ribeirão. A seguir lançaremos o livro #Parem de nos matar!, autografarei a obra, para quem desejar e alguns dos meus outros livros também estarão à disposição para quem quiser adquiri-los.

SERVIÇO

Bate-papo

Leia Mulheres – #PAREM DE NOS MATAR

Dia 18, sábado

Horário: 14h

Local: Galpão. 100 lugares.

Grátis Acesso Livre.

Oficina

#Parem de nos matar!: um modo de educar os afetos pela leitura

Dias 18 e 19, sábado e domingo

Horário: 10h às 13h.

Oficina 3. 30 vagas. Grátis.

Sesc Ribeirão Preto

Rua Tibiriçá, 50, Centro

Assessoria de Imprensa

(16) 3977-4487


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